quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Fifa afasta Valcke e diz que apurará esquema ilegal de ingressos

  • AFP PHOTO/ NELSON ALMEIDA
    Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, foi liberado de suas funções
    Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, foi liberado de suas funções
A Fifa anunciou nesta quinta-feira (17) que Jerome Valcké "foi liberado de suas funções" na entidade. A saída do Secretário Geral acontece após a denúncia que ele esteve envolvido em um esquema de ingressos que teria rendido a ele R$ 9 milhões.

Em comunicado, a entidade máxima do futebol anunciou que vai abrir investigação formal para apurar a denúncia. Em junho, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, já havia anunciado que deixaria seu cargo por causa das investigações de corrupção envolvendo entidades e dirigentes do futebol.  

"A Fifa anuncia que seu Secretário Geral, Jérome Valcke foi liberado de suas funções imediatamente até segundo aviso. A Fifa tomou conhecimentos das denúncias envolvendo o secretário e já pediu para seu comitê de ética uma investigação imediata", disse a entidade em comunicado.

É mais uma denúncia que mancha a imagem do dirigente da entidade e foi divulgada a alguns veículos de mídia do mundo, entre eles os jornais o Estado de S. Paulo e o Guardian. Mas ainda não há provas de que ele lucrou de fato com entradas do Mundial: ele nega qualquer irregularidade.
As acusações partiram da empresa JB Sports & Marketing que tinha um contrato para fornecimento de ingressos da Copa com a Fifa. O sócio da agência Benny Alon afirmou aos jornais ter feito um acordo com Valcke para vender os ingressos do Mundial com ágio de 200% no mercado negro. Em troca, segundo o empresário, a JB Sports e Valcke dividiriam os lucros meio a meio.
Para provar suas afirmações, Alon mostrou uma série de e-mails trocados com Valcke em que negocia os bilhetes. Os e-mails indicam que o secretário-geral poderia ser beneficiário do esquema de ingressos. Só que os documentos estão incompletos e poderiam ter dupla interpretação. Não fica claro se o dirigente ficou com parte do dinheiro. Certo é que tinha uma relação com o empresário israelense.
Segundo o empresário disse ao "Estadão", ingressos dos três jogos iniciais da Alemanha, normalmente vendido a US$ 190, eram negociados com anuência de Valcke por US$ 570. Jogos das oitavas, que custavam US$ 230, eram comercializados por US$ 1,3 mil. Na versão de Alon, para despistar, Valcke usava a palavra "documentos" para falar em "dinheiro vivo"

Valcke chegou ao cargo de secretário-geral da Fifa em junho de 2007. Dessa forma, o dirigente participou das preparações das Copas do Mundo de 2010, na África do Sul, e 2014, no Brasil. Em março de 2012, Valcke se envolvou em uma polêmica ao afirmar que o País merecia um chute no traseiro.
"As coisas não estão funcionando. Muitas coisas estão atrasadas. O Brasil merece um chute no traseiro", disse à época.
A declaração provocou a resposta imediata do governo brasileiro. Dois anos depois, pouco antes de o Mundial começar, Valcke voltou a falar sobre a declaração. Segundo ele, era preciso esperar. "Me pergunte quando a Copa do Mundo acabar", disse o dirigente.
Valcke, durante a preparação brasileira, criticou publicamente o atraso das obras, especialmente dos estádios. "Os estádios são lindos, mas agora isso é um desafio para os organizadores. Isso não é uma crítica. É apenas um desafio. Temos que encontrar as soluções", afirmou em março de 2014.