terça-feira, 11 de agosto de 2015

Cristóvão confirma 'componentes racistas' em críticas: 'Foi citado que escolheram um técnico do Pelourinho'

 
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Veja a entrevista em que Cristóvão confirma 'componentes racistas' em críticas
Há duas semanas, no Linha de Passe, o comentarista José Trajano disse acreditar em possíveis "componentes racistas" nas críticas de parte da torcida do Flamengo e da imprensa ao técnico Cristóvão Borges. Antes, Mauro Cezar Pereira já havia destacado uma "perseguição" ao treinador, citando as agressões verbais vistas nas redes sociais.
Nesta segunda-feira, a história ganhou a participação do próprio treinador, que falou sobre o que vem se passando.
"Eu estava assistindo ao programa na segunda-feira e vi a abordagem do Trajano e do Mauro. Aquilo me tocou bastante por que é justamente o que está acontecendo comigo diante do meu trabalho aqui como treinador do Flamengo. Venho sofrendo de críticas que fogem do padrão normal e comum que acontecem no futebol", disse o treinador, em entrevista exclusiva àESPN Brasil.
"O Mauro falou sobre isso, o Trajano falou sobre as conotações racistas e então existem as duas coisas. Existem críticas exacerbadas que, por serem sistemáticas, viraram perseguição. E algumas com conotação racista sim", disse Cristóvão, que discorreu mais sobre os casos de racismo.
 
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José Trajano vê 'componente racista' em críticas a Cristóvão Bórges
"Começam com as críticas, as críticas insistentes, contínuas e diárias. Então ela vira perseguição e, no conteúdo de algumas dessas críticas, existem componentes racistas sim. Por exemplo, foi citado que o Flamengo, na hora de escolher o treinador, deixou de escolher o Osvaldo de Oliveira para escolher um do Pelourinho", contou.
O treinador, porém, declara que as críticas são inerentes à carreira, como acontece com a arbitragem. No entanto, ressaltou a percepção de que, com ele, as coisas parecem ser um pouco mais complicadas.
"A tolerância comigo é diferente, sempre foi. Agora, isso não é uma coisa que me afete a ponto de atrapalhar meu trabalho. Isso não, porque eu me preparei para estar nessa situação. Só que, quando passa do ponto, quando me atinge como pessoa, como cidadão, aí sim eu vou procurar meus direitos para me fazer ser respeitado", explicou Cristóvão. "O racismo existe e ele é camuflado, como tem sido aqui comigo em relação a essas críticas", completou.
 
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Cristóvão deixa claro que todos os acontecimentos não vão mudar sua forma de agir. "O racista vê o negro como aquela pessoa que deve dizer amém e não deve se colocar. E eu sou a antítese disso. Eu me coloco, tenho posição e defendo as minhas convicções. Então pra eles eu sou tido como um intruso, um abusado, porque cheguei numa posição, ainda me coloco e contesto se eu achar que está errado. E que fique claro que a minha posição não é e nunca vai ser de pobre coitado".
O treinador, que já comandou Vasco e Fluminense, chegou ao Flamengo na quarta rodada do Campeonato Brasileiro, quando o time somava apenas um ponto na competição e estava na zona do rebaixamento. O time perdeu para a Ponte Preta por 1 a 0, neste domingo, em Campinas, e terminou a 17ª rodada na 13ª colocação, com 20 pontos.
 
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