quarta-feira, 3 de junho de 2015

Filho de Valcke vira funcionário do marketing da CBF

NELSON ALMEIDA/AFP/GETTY IMAGES
Jerome Valcke Jose Maria Marin Coletiva Fifa CBF Legado Copa 20/01/2015
Jérome Valcke em coletiva de imprensa ao lado de José Maria Marin
Sébastien Valcke, filho do secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, trabalha na CBF. Ele virou funcionário em setembro do ano passado, quando José Maria Marin ainda era presidente e Marco Polo Del Nero já havia sido eleito. O herdeiro do braço direito de Joseph Blatter, faz parte da equipe de Marketing da entidade máxima do futebol brasileiro.
A informação foi apurada pela reportagem e confirmada pela confederação.
Jérôme, número 2 da Fifa, de acordo com o New York Times, é investigado pela Justiça dos Estados Unidos por transferir 10 milhões de dólares em propinas, em 2008, para Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa e presidente da Concacaf. O dinheiro seria o pagamento de suborno pela escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010.
Nascido na França, Sébastien chegou ao Brasil em 2013, quando o país se preparava para receber a Copa do Mundo. Ele foi contratado pela Fifa para trabalhar no evento, sendo coordenador do Maracanã durante três meses, incluindo o período do Mundial.
Desempregado, foi admitido em setembro, para ser um consultor da área de Marketing da CBF. Seu contrato é de pessoa jurídica, com a empresa que abriu há cerca de um ano.
"Ele foi contratado em setembro do ano passado. Está nos ajudando muito aqui. O trabalho dele é muito bom. Ele tem visitado arenas pelo Brasil, coisa que ele conhece bem, já fomos em várias e está também trabalhando em cima do Regulamento Geral de Marketing, que está sendo elaborado", disse Gilberto Ratto, diretor da CBF, em contato com o ESPN.com.br.
"A contratação não teve nenhum pedido de [Jérome] Valcke. Logo que eu cheguei, veio da presidência para ele fazer uma entrevista comigo. Eu bati um papo com ele, vi por onde ele tinha passado e achei que seria legal tê-lo com a gente. Eu não conheço o pai dele e não soube de nenhuma recomendação para contratá-lo", completou.
A CBF diz que o salário de Sébastien é de cerca de R$ 10 mil por mês. O diretor da entidade afirmou que não vê conflitos de interesse.
"Não vejo nenhum tipo de conflito. Se ele tem capacidade e tem coisa para agregar, não há nenhum problema. Ele está me ajudando muito. É muito profissional. É jovem e tenho certeza que vai me ajudar bastante aqui dentro", defendeu Ratto.
"Qualquer denúncia, de qualquer pessoa incomoda, claro. É preciso ver o que está acontecendo. Tudo muito recente para dizer. Não dá pra falar disso agora. O que é importante dizer é que eu olho para o Sébastien, não olho para o Jérome. É só ele que trabalha na CBF", finalizou.
O filho de Jérome é chamado de Valckinho entre os funcionários da CBF. Em seu currículo no LinkedIn não aparece a entidade brasileira como seu atual emprego, aliás.
Sébastien, que tem 27 anos, fala português, de acordo com o diretor de Marketing, além de francês e inglês. Estudou na Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos, e na Escola Superior de Comércio e Marketing, na França.
Antes de entrar na confederação brasileira, teve uma curta experiência na área, de um ano e três meses: cinco meses como assistente de marketing na Beach Soccer Worldwide, sete meses no marketing do Paris Saint-German (PSG) e foi assistente da Fifa na Copa durante três meses.
Logo depois, em julho do ano passado, o filho do número 2 da Fifa abriu a sua própria empresa. Dois meses depois, foi contratado pela CBF.
A reportagem tentou entrar em contato com Sébastien Valcke durante toda essa terça-feira, mas não teve sucesso. Foram sete ligações para a sede da CBF, no telefone disponibilizado ao público. A pessoa que atendeu às chamadas informou, primeiro, que ele ainda não havia chegado, depois que ele estava fora da sala, depois almoçando e, por fim, que ele não tinha ido nesta terça, dizendo que as informações anteriores tinham sido passadas de forma errada.
Copa do Mundo
Sébastien foi contratado pela Fifa durante a Copa do Mundo no Brasil e isso acabou gerando polêmica, pelo conflito de interesses que havia na situação. Seu pai fez questão de se pronunciar.
"Sou pai de quatro crianças, entre eles Sébastien, de 26 anos. Ele é um garoto que sempre foi apaixonado e atraído pelo esporte e ele foi definitivamente marcado pela minha carreira", disse Jérome Valcke. 
"Sébastien trabalhou em 2010, na Copa da África do Sul, no estádio da Cidade do Cabo, e ninguém se interessou por isso. Seu trabalho é saudado por seu coordenador geral e por todos que trabalham com ele", completou - no LinkedIn, porém, não aparece a Copa da África do Sul em suas experiências.