terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Respeito ao tênis brasileiro



WAYNE TAYLOR/GETTY IMAGES
Marcelo Melo Ivan Dodig Australian Open 21/01/2015
Marcelo Melo e Ivan Dodig durante jogo do Australian Open
Ontem foi mais um dia longo de tênis. Começamos com um Pelas Quadras muito interessante e entramos na madrugada até às 5h da manha sem parar. Mostramos a Azarenka, a dupla do Melo, um set da Serena e o Nishikori contra o Ferrer. Grandes jogos e muita emoção.
A cada dia o desafio de escolher jogos fica mais nervoso e difícil de agradar gregos e troianos. Por incrível que pareça as redes sociais fizeram as pessoas acreditarem que são donas da palavra e até da programação de um canal. Ontem essa sensação foi mais notada ainda.
Ao ver que o Marcelo Melo jogava as oitavas de final do torneio, decidimos passar o jogo dele. A decisão era difícil porque batia de frente com o jogo da Serena e Muguruza. Ao colocar o jogo, sinceramente pensei que agradaríamos a 90% por ele ser brasileiro e por ser um torneio tão importante. A Serena, que eu adoro, já tinha sido mostrada três vezes, e assim que a dupla acabasse ela entraria ao vivo. Decisão nossa um pouco contestada.
A partir do momento em que colocamos a dupla, entramos em conflito com alguns fãs. Que fique claro que até entendo a posição e desejo de todos, mas tudo isso me levantou uma indagação.
Como disse na transmissão, vivemos o país do futebol. Tênis aqui é muito pouco falado, ajudado ou organizado, e quando temos a chance de mostrar um brasileiro o tiramos do ar Os ídolos dos nossos filhos são Federer e Nadal. Se perguntamos a eles quem são os brasileiros que representam nosso país, muitos nem sabem, nem conhecem. Será que não é culpa nossa? Será que não podemos fazer melhor?
Vivemos uma Copa arrotando que somos o país do futebol, e quando perdemos apenas jogamos pedra. Aceitamos tudo que acontece. Não nos importamos, apenas escrevemos no Face e no Twitter a nossa opinião. Quando alguém quer levantar, ajudar, divulgar o esporte é chamado de patriotismo barato. A história do futebol feminino no país é exatamente o que devemos mudar. Não vemos, não lutamos por elas e quando elas jogam queremos que vençam e critica as suas derrotas.
Sinceramente, desculpem. Não acho que o jogo de duplas tenha que tirar a final do Brasileiro ou do Super Bowl da grade, mas SIM precisa ser tratado com respeito. Temos um jogador que representa muito bem nosso esporte vivo no torneio. Ah, quando ele estiver na final vamos todos bater no ombro dele e dizer EU TORCI MUITO POR VOCÊ.
Hoje a ESPN abre o canal ESPN+, que normalmente não abriria, para mostrar a dupla. Mais uma demonstração de respeito ao Marcelo, número 7 do mundo, e ao tênis brasileiro.
Não sei se vocês concordam, mas essa é minha opinião estando na ESPN ou em um jornal ou tv escondido na Tasmânia.