segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Três zagueiros e "quadrado mágico": esquema de Van Gaal no Manchester United só parece ultrapassado - tudo depende da execução

O sistema com três zagueiros foi tachado de anacrônico em tempos recentes, inclusive no Brasil, porque normalmente demandava encaixe na marcação. Contra apenas um atacante, um defensor perdia função. Para marcar três, matava a sobra.
O mesmo com dois meias e uma dupla de atacantes. Por sacrificar os volantes, afunilar o jogo e relegar o trabalho pelos flancos, defensivo e ofensivo, aos laterais. Diante de times com ponteiros, o resultado prático seria perder a profundidade ou abrir espaços generosos às costas.
Por convicção depois do relativo sucesso da Holanda no Mundial e também pela necessidade sem peças importantes afastadas por contusão, o técnico Louis Van Gaal testou e chegou a uma formação no Manchester United que combina três defensores e quarteto ofensivo. Em números, um 3-1-4-2. Mas com adaptações ao futebol jogado na Inglaterra, bem longe das perseguições individuais e ligações diretas para Arjen Robben na Oranje em terras brasileiras.
A começar pela última linha de defesa: Jones e Evans abertos, McNair na sobra. À frente, Carrick na proteção. Valencia e Young, "wingers" atuando como alas. Na recomposição, o posicionamento depende do lado atacado. Se o esquerdo, Evans abre, Young avança e bate com o lateral adversário. Jones e McNair formam a zaga e Valencia cobre o setor oposto. O mesmo do outro lado.
REPRODUÇÃO ESPN
Flagrante do trio de defesa do United variando para linha de 4 com Evans abrindo como lateral, Young avançando e Valencia ocupando o lado oposto.
Flagrante do trio de defesa do United variando para linha de 4 com Evans abrindo como lateral, Young avançando e Valencia ocupando o lado oposto.
Necessário contra o Tottenham no White Hart Lane. Mauricio Pochettino armou um 4-2-3-1 com o quarteto ofensivo formado por Townsend, Eriksen e Chadli atrás do centroavante Kane. Para marcar por zona, três zagueiros, dois alas e um volante.
Mas não só eles para defender. Rooney e Juan Mata no meio, Van Persie e Radamel Falcao na frente. "Quadrado mágico"? Sim, mas sem abrir mão do suor. Na movimentação e também nas atribuições sem a bola. Sem abandonar Carrick na proteção, nem os alas atacando e defendendo. Talento em benefício da equipe.
Acrescentando qualidade na troca de passes, valorizando posse de bola, ocupando o campo de ataque. Mesmo sem o brilho de Wayne Rooney, que desequilibrou como meia com dois gols e uma assistência nos 3 a 1 sobre o Newcastle United. Equilibrando a disputa com os Spurs no empate sem gols, porém fazendo do goleiro Lloris o melhor em campo. Pelo menos duas grandes defesas no primeiro tempo. Cansaço na segunda etapa, especialmente do camisa dez, apenas dois dias depois da rodada do "Boxing Day".
TRUMEDIA
Mapa de toques de Wayne Rooney contra Newcastle e Tottenham: meia que prefere o lado esquerdo, mas com forte presença entre as intermediárias.
Mapa de toques de Wayne Rooney contra Newcastle e Tottenham: meia que prefere o lado esquerdo, mas com forte presença entre as intermediárias.
Tudo depende da execução. A dos Red Devils vem evoluindo. Em desempenho e resultados. Se a falta de competições internacionais é um prejuízo em visibilidade para o gigante inglês, pode favorecer mais à frente em campo contra Chelsea e Manchester City, os rivais no topo da Premier League com desafios duríssimos na Liga dos Campeões.
Seja como for, o retorno à principal competição de clubes do continente já será um bom primeiro ato deste novo United de Van Gaal. Um bom exemplo de que o sistema pode parecer antiquado, mas se a maneira de jogar é atual o time fica competitivo.
OLHO TÁTICO
O 3-1-4-2 de Van Gaal no United: meias e atacantes ajudando sem a bola e colaborando na frente com movimentação e talento contra os Spurs no 4-2-3-1.
O 3-1-4-2 de Van Gaal no United: meias e atacantes ajudando sem a bola e colaborando na frente com movimentação e talento contra os Spurs no 4-2-3-1.