terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Polícia para quem precisa: repórter do Lance! agredido por PM. Imagine o que fazem com torcedor



O repórter do Diário Lance! Bruno Cassucci relata que foi agredido e humilhado por policiais militares em Santos, antes da partida entre o time da cidade e o Botafogo, pela penúltima rodada do campeonato brasileiro. Para saber exatamente o que o jornalista tem a dizer sobre tal experiência, clique aqui e leia o texto no qual ele detalha os fatos ocorridos no último domingo.
Desde as grandes manifestações populares de 2013, registradas pelo país durante a Copa das Confederações, ações violentas da PM em diferentes Estados vêm tendo ampla repercussão. As balas de borracha que feriram fotógrafos, repórteres e cidadãos se transformaram em item frequentemente citado no noticiário. E seguem sendo. Em São Paulo elas poderão até ser proibidas — saiba mais clicando aqui.
Há décadas que a polícia militar é responsável policiamento em estádios de futebol no Brasil. E poucos imaginam que seguranças particulares com treinamento específico sejam capazes de fazê-lo. Mas no exterior é assim e aqui há uma grande contradição, com empresas privadas contratadas para tal tarefa em shows ocorridos nos mesmos estádios nos quais são disputados os jogos.
Mesmo se fossem os policiais realmente capacitados para fazer esse trabalho específico, ainda sim seria questionável sua presença nas canchas quando a prioridade deveria ser policiar as ruas. Lá dentro há um espetáculo privado, pelo qual são cobrados ingressos, que gera lucro e tem segurança paga pelo contribuinte e que, sabemos bem, tem muito trabalho diariamente num país tão violento.
Na última peleja na Vila Belmiro cujo boletim financeiro está disponível no site da CBF, o item policiamento aparece com o custo de R$ 15.256,06. Foi em Santos 0 x 1 Cruzeiro. Difícil crer que tal quantia cubra a despesa gerada pelo uso de veículos para o deslocamento de um efetivo policial até o interior do estádio, e especialmente as muitas horas de trabalho que envolvem todos eles numa peleja?
Claro que para trocar a PM por seguranças privados é preciso que empresas especializadas treinem adequadamente seus homens. Não é tarefa fácil, tampouco algo que se resolva rapidamente, mas isso não significa que tal reflexão deva ser jogada no lixo. Faltam PMs nas ruas e muitos deles passam as noites e tardes de futebol dentro de estádios, onde deveriam entrar apenas quando necessário, como ocorre em qualquer local privado em caso de conflto. Contraditório, não?
Mas o episódio ocorrido no domingo com o repórter do Lance! Bruno Cassucci mostra que o problema vai além da discussão sobre o policiamento dentro dos estádios. Ele foi abordado na rua e da forma como aconteceu, fica evidente o despreparo de alguns desses homens que são pagos para proteger a população. Isso, provavelmente, deve deixar constrangidos os bons policiais.
Fizeram o que fizeram com ele mesmo sabendo que o rapaz era, ali, um jornalista a serviço de um jornal de grande circulação. Em resumo, evidentemente haveria repercussão. Mesmo assim o que Bruno relata é uma abordagem intimidadora que alcança o patamar da covardia e do abuso de poder. Fico a imaginar o que acontece quando um torcedor, que dificilmente consegue repassar a muitss pessoas tal constrangimeto, se vê em situação semelhante.
"Polícia" é uma das músicas dos Titãs que integram o terceiro (e até hoje o melhor) disco da banda: Cabeça Dinossauro, de 1986. E 28 anos depois, o futebol pode repetir a pergunta que a letra da música traz: "Polícia para quem precisa". A questão é: o estádio de futebol realmente precisa de polícia? Precisa dessa polícia?
PolíciaTitãs
Dizem que ela existe
Prá ajudar!
Dizem que ela existe
Prá proteger!
Eu sei que ela pode
Te parar!
Eu sei que ela pode
Te prender!...
Polícia!
Para quem precisa
Polícia!
Para quem precisa
De polícia...
Dizem prá você
Obedecer!
Dizem prá você
Responder!
Dizem prá você
Cooperar!
Dizem prá você
Respeitar!...
Polícia!
Para quem precisa
Polícia!
Para quem precisa
De polícia...