quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A Maturidade da Torcida

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Falar bem da torcida do Flamengo é, como dizia Nelson Rodrigues, o óbvio ululante. Mas ao longo da história todos sabemos que a torcida às vezes tem seus dias de mala.
Certa vez um brother do patrão Mulamba me encheu tanto o saco que eu precisei dedicar uma crônica só para ele: o cara estava vaiando o aquecimento do time em uma partida em Buenos Aires contra o Lanus, incomodado quando alguém errava um passe ou quando o Felipe defendia um chute. Como é que um cara sai do Rio para Buenos Aires para vaiar roda de bobinho?
Todo mundo conhece um torcedor ou vários desse jeito. No Maracanã, mesmo nos tempos áureos, sempre teve aquele cara que com 10 minutos já perdia a paciência e passava o resto do jogo xingando. Aqui na FLA RS cobramos R$ 5,00 de couvert artístico para quiser sentar na mesa do Roberto, que garante um show para os vizinhos com seu mau humor caricato. Reclamar é folclórico, mas é o embrião da vaia, que costuma vir logo depois.
De tudo o que mais irrita o torcedor rubro-negro a falta de ofensividade sempre esteve no topo da lista. O treinador que armasse o time priorizando a marcação já era perseguido desde que o placar anunciasse a escalação. Nos acostumamos a ver um time sempre agredindo e propondo o jogo em qualquer situação – Flamengo é Flamengo.
Pois de tantas coisas boas que vem acontecendo ao Flamengo nesse curto espaço de tempo, quero chamar atenção para o amadurecimento do torcedor rubro-negro, que mesmo diante de uma mudança surpreendente na forma do time atuar, tem apoiado e incentivado esse novo Flamengo, que é um pouco diferente das nossas tradições de estilo de jogo.
Pep Guardiola está na moda há alguns anos – agora até um pouco menos, mas ainda assim na moda. O treinador catalão é um obcecado pela posse de bola e pelo controle da partida, que considera o elemento chave para o triunfo. E como ele realmente encantou o mundo com sua teoria, reter a posse da bola passou a ser o atributo mais valorizado no futebol atual.
Mas o Flamengo, sempre o Flamengo, está aí para derrubar mitos, nem que seja escrevendo por linhas tortas.
Até a chegada de Luxemburgo o Flamengo era o líder absoluto da posse de bola do Brasileirão 2014 – o líder Cruzeiro, de números impressionantes em todas as demais estatísticas, era apenas o 3º em posse de bola. E o Flamengo, tadinho, tanto tempo controlando a bola, mas segurando a lanterna do campeonato.
Luxemburgo percebeu o óbvio: nosso time não é nenhuma Brastemp, não adianta deixar a bola tanto tempo nos pés de quem não sabe muito bem o que fazer com ela. Vamos jogar como um time pequeno e deixar o adversário, seja ele quem for, propor o jogo, que a gente se defende como pode e tenta se aproveitar dos contra-ataques.
Realmente, a consistência defensiva no Brasileirão do novo Flamengo é o dado mais impressionante. Nosso time é melhor defendendo do que atacando, sendo que a principal arma ofensiva tem sido as jogadas de velocidade.
Quando perdeu para o Corinthians no Pacaembu por 2 x 0, o Flamengo teve 57% de posse de bola. Quando derrotou o Vitória no Barradão, teve 43%. O time está, sim, jogando fechado e se preocupando mais em destruir do que em construir.
Certíssimo, professor. O Flamengo não tem mesmo um armador de qualidade para construir jogadas e controlar a circulação de bola, então vamos aprender a jogar sem ela. Os resultados provam que o caminho é esse mesmo.
Isso para mim nem impressiona tanto. O que de fato me chama atenção é como a torcida do Flamengo vem reagindo bem a essa mudança de filosofia, tão radicalmente oposta ao que nos acostumamos. É na base do chutão e da leve retranca que estamos avançando. Que bom que as vitórias mostraram que há felicidade em jogar de um jeito mais humilde.
Walter Monteiro
Mengão Sempre
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