terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Corinthians curou Pato. Agora só falta um detalhe...

Alexandre Pato na chegada à seleção brasileira
O Pato vinha cantando alegremente...
"Meu sonho? Pisar no tapete vermelho do Oscar". A frase, uma resposta de Alexandre Pato, causou estranheza a um importante jogador, seu companheiro na seleção brasileira.
Ok, não vamos aqui cercear sonhos alheios. Entrar no Big Brother, conhecer o Justin Bieber ou pisar no tapete do Oscar, cada um sonha com o que bem entende. Mas é mesmo curioso que um sujeito como Pato, que poderia ambicionar tanta coisa como ganhar uma Copa, virar o maior ídolo da torcida corintiana, levar o prêmio da Fifa - todos lhe trariam tanta ou mais fama do que pisar no tapete do Oscar - queira tanto caminhar entre Meryl Streep e Leonardo Di Caprio.
A frase é, como uma série de episódios ocorridos dentro ou fora de campo, reflexo e emblema da personalidade pouco adequada a um jogador de futebol que, para gente próxima a Pato, prejudica aquela que já foi uma promissora carreira (há quem coloque suas relações amorosas nesse pacote, mas nessa seara eu não me meto).
Certa vez, um companheiro tentou alertá-lo. "Cara, você joga muito, pode decidir qualquer jogo se focar na partida por cinco minutinhos", disse-lhe. No jogo seguinte, Pato marcou. Mas em vez de esperar o jogo acabar para brincar com o colega sobre "o sucesso da fórmula", passou o resto da partida preocupado em brincar com o companheiro, cutucando-o e repetindo: "Tá vendo? Tá vendo? Cinco minutinhos, cinco minutinhos..."
Sua reação fria a um gol de Ronaldinho Gaúcho no primeiro derby de Milão do meia-atacante contra a Inter (o gol da vitória por 1 a 0 do Milan fizera vibrar até os mais veteranos do time) chamou atenção de jornalistas italianos em 2008. Era, mais que uma manifestação de individualismo, uma atitude de quem não entendia o contexto do jogo, do momento, da situação.
Exatamente o que ocorreu no ano passado, naquele fatídico e displicente pênalti cobrado contra o Grêmio na Copa do Brasil - Pato podia até errar, mas não daquele jeito.
Nessa semana, suas frases após a derrota para o São Bernardo e as vaias da torcida voltaram a mostrar uma incompatibilidade com a situação mesmo para quem, como eu, acredita que ele deve ter mais chances no time titular do Corinthians - apenas por ser, por exemplo, bem melhor que Romarinho.
"eu não jogo sozinho, jogo com mais dez" que Pato soltou após a partida não o ajudou em nada. Não só porque traz à tona seu individualismo ou porque não faz sentido diante de suas atuações que nunca justificaram os 40 milhões de reais nele investidos, mas também porque pode gerar (na verdade, aumentar) uma antipatia dos próprios colegas a seu respeito.
Tudo o que Pato não precisa para tentar, enfim, já aos 24 anos, corresponder a todas as expectativas de quando tinha 17.
Após torrar 40 milhões, o Corinthians conseguiu o que parecia mais difícil e livrou-se do problema que tornava sua aposta tão arriscada: recuperou fisicamente um jogador que, no Milan, aparentava ter problemas físicos crônicos. Hoje, graças ao clube paulista, poucos lembram que Pato era um atacante com grandes dificuldades para atuar em três partidas seguidas.
No Brasil, contudo, Pato continua sem jogar três partidas seguidas como titular, só que por escolha de seus técnicos - tanto Tite, antes, como Mano Menezes, agora. Os motivos são suas atuações dentro de campo, mas, como se vê, não somente.
O Corinthians curou o corpo de Pato. Agora, precisa cuidar da sua cabeça.