Fred tocou na bola nove vezes na vitória sobre o México. Em três delas deu passes errados. Contra os japoneses foram 15, sendo quatro equivocados. Ou seja, 17 passes certos em dois jogos. Nos 4 a 2 sobre a Itália, o centroavante do Fluminense tocou na pelota em 20 oportunidades e em todas ela chegou aos pés de seus companheiros ou foi para as redes inimigas.
Mesmo que não tivesse feito os dois gols e participado de outro, o camisa 9 teria feito sua melhor atuação na Copa das Confederações. Nele, em Neymar (para variar) e nos equívocos da equipe de arbitragem o Brasil calçou sua terceira vitória em três pelejas pela Copa das Confederações. Que foi merecida, independentemente do apito. O novo atacante do Barcelona manteve o nível de suas atuações anteriores. O camisa 9, enfim, se destacou.
Mas é claro que não há como ignorar os erros do apito e do bandeira nos 90 minutos em Salvador. Um exemplo do que poderá acontecer em 2014 com a Copa do Mundo no Brasil. Times da casa costumam ser beneficados, como a Coréia do Sul em 2002, quando eliminou espanhóis e italianos graças a enormes falhas dos apitadores. Com uma camisa pesada e tradicional como a do Brasil, isso será ainda mais fácil de acontecer no Mundial de 2014.
Rashvan Irmatov, do Uzbequistão, é árbitro experiente, mas teve uma atuação fraca e comprometida por um de seus auxiliares, Bakhadyr Kochkarov, do Quirguistão. No primeiro gol brasileiro o assistente não observou impedimento de Dante após a cabeçada de Fred. Em lance de bola parada, esse tipo de erro é inaceitável. Já o apitador uzquebe enxergou falta em lance normal "cavado" por Neymar. A partir da equivocada marcação nas imediações da área italiana, o camisa 10 fez bela cobrança no segundo tento "canarinho". Um belo gol em cima de Buffon!!!!!
Além da participação de Fred em três gols (dois dele e um marcado após cabeçada do camisa 9), o Brasil apresentou novidades positivas. Como Hernanes, substituto de Paulinho e muito mais participativo na saída de bola e na construção das jogadas do que o corintiano. O meia da Lazio deu 45 passes, 43 certos, número próximo do registrado pelo titular diante do Japão, mas a maioria no campo de defesa. O ex-são-paulino apareceu mais para começar os trabalhos com Luiz Gustavo e os quatro defensores.
E os pontos negativos do time "scolariano"? Para variar, foi preciso que Neymar tirasse coelhos da cartola. Mais uma vez ele apareceu com gol e participação no primeiro, que surgiu após cobrança de falta do camisa 10. Outro problema, o time pouco criava até marcar dois gols pelo chamado "Muricybol", ou seja, houve certa dependência da bola parada, já que antes dos dois primeiros gols, a partir de faltas, não foram tantas oportunidades criadas.
E Marcelo, que foi muitíssimo bem no lance do quarto gol, de Fred, chutando para o rebote de Buffon, voltou a errar lá atrás. O lateral-esquerdo do Real Madrid precisa evoluir defensivamente para se transformar num excepcional jogador da posição. Falta a ele um "quê" de Roberto Carlos. Mas o time brasileiro marcou bem, mais uma vez, a saída de bola adversária, no começo do cotejo e no final. Assim nasceu o quarto gol.
Mais uma vez decisivo (chega a ser redundante) Neymar participou menos, com 17 passes (foram 32 diante do México) e exagerou nas faltas, fez seis, mais do que qualquer outro jogador na partida. Ele segue com o vício das "cavadas" (entre faltas reais e "à brasileira" acumulou oito sofridas) e levou vantagem com a arbitragem uzbeque. Mas esse vício pode levá-lo a se dar mal. Contudo, é inegável que ele tenta participar mais do jogo, marcar, e também por isso comete mais infrações. Só não precisa exagerar, como no lance em que tirou Abate do jogo. Imagine se fosse ao contrário. "Neymarzetes" de ambos os sexos e de todas as idades estariam irados(as).
No final, brasileiros e italianos saíram satisfeitos. Os europeus por terem encarado o anfitrião do certame mesmo com desfalques seríssimos (Pirlo e De Rossi) e quase terem empatado quando Maggio cabeceou no travessão e o placar apontava Brasil 3 a 2. Os brasileiros por terem vencido o terceiro jogo na melhor atuação do time de Felipão na Copa das Confederações. Resta saber se o técnico será capaz de observar bem os problemas que seu time apresentou, apesar do triunfo. Afinal, esse foi o melhor teste para sua equipe até aqui. Quais as lições dele tiradas?
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