segunda-feira, 6 de maio de 2013

Hora de mostrar reação


Os clássicos entre Corinthians e São Paulo têm sido dos mais atraentes dos últimos anos. Independentemente da competição, na maior parte das vezes em que se encontram acontece algo extraordinário, para fugir da rotina. Ou uma surra daquelas para um dos lados, ou gol histórico de goleiro, ou polêmica apimentada. Tira-teimas que dão o que falar.
Para não fugir à regra, o domingo reserva mais uma etapa de rivalidade salutar - só perde a graça na cabeça dos desmiolados que veem futebol como guerra e não como divertimento. O programa de hoje vale vaga para a final do Paulista. Mesmo que fosse só para cumprir tabela, salvo engano, seria divertimento garantido.
Além de definir quem permanece na luta por título estadual - o São Paulo não festeja desde 2005, o Corinthians, desde 2009 -, o jogo serve como parâmetro para medir a capacidade de reação, num momento delicado. Ambos perderam no meio de semana, na abertura das oitavas de final da Taça Libertadores, e por isso entram em campo pressionados a dar sinal de vida.
Por mais que se diga que um torneio não tem nada a ver com o outro, impossível dissociar o caminho regional daquele continental. Estão ligados, e é normal que assim seja. Embora, em muitas ocasiões, equipes pareçam ter duas personalidades, uma reencarnação esportiva de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, os personagens de O Médico e o Monstro. Doideira mas acontece, assim como tem jogador que arrebenta nos clubes e some na seleção. Ou vice-versa.
E, por esse aspecto, o fardo do São Paulo parece mais pesado. A relação com os fãs tem oscilado: num momento, transmite confiança incondicional, como na vitória sobre o Atlético na última rodada da fase de classificação ou como nos primeiros 30 minutos da partida de quinta-feira. Em seguida, há episódios angustiantes, como no 1 a 0 apertado, suado (e com gol contra) diante do Penapolense, há uma semana, nas quartas de final paroquial, ou como nos dois terços restantes da refrega com o Galo na Libertadores.
Nunca se sabe ao certo qual São Paulo subirá para o campo. Daí a apreensão do torcedor, que fica na dúvida a respeito do que o espera. Entra em cena também a escassez de conquistas de vulto nas temporadas recentes (a Sul-Americana de 2012 e só), um incômodo para quem ficou muito bem acostumado com troféus a rodo no último quarto de século. E, para complicar, a situação na Libertadores é complicada com os 2 a 1 levados em casa.
Ney Franco tem consciência da sinuca em que se meteu com os jogadores e, na bucha, avisou que não é hora de poupar ninguém. Vai à luta com o que tem de melhor, incluído Luis Fabiano. Mas terá de administrar um caso delicado: como se comportará a torcida com Lúcio? O pessoal saiu bravo com o zagueiro pela expulsão estulta. Sensato, agora, seria abaixar a poeira.
Com o que escrevi, significa que o Corinthians está com o burro na sombra? Não. A cobrança é débil, pois a Fiel ainda curte o a felicidade provocada por Libertadores e Mundial do ano passado. As façanhas extraordinárias levam o público ao êxtase, como se nada houvesse a reparar.
Bacana - quem não quer levitar com proezas do time? Só que mesmo os mais apaixonados uma hora despertam dos devaneios, se perceberem que o encanto pode romper-se. Em princípio, cair fora da briga pelo cetro paulista não tumultuará o ambiente. Com certo desdém, se pode dizer; "Ah, temos um monte."
E, se for despachado pelo Boca, dentro de dez dias? Não haverá quebra-quebra, mas retornarão incertezas. Diante disso, o melhor então é correr e muito. Serve para os dois.
Que prestígio! A segunda parte de São Paulo x Atlético na Libertadores, agora em BH, terá de novo árbitros de fora. No Morumbi, foram paraguaios; no Independência, uruguaios. O pedido de apitadores gringos foi mineiro, corroborado pela CBF. Belo sinal de confiança na capacidade dos juízes do país da Copa.