segunda-feira, 18 de março de 2013

Não é anormal


O São Paulo não é eliminado na fase de grupos da Libertadores desde 1987. Era outro tempo. O grupo de quatro clubes qualificava apenas um. Campeão brasileiro em fevereiro de 1987, o São Paulo estreou sem Careca, em negociações com o Napoli. Pepe dá seu testemunho sobre aquela campanha: "Tem certeza de que eu era o técnico?".
Sim, Pepe, era você.
Mas a campanha foi rápida, é natural ter esquecido. Pepe dirigiu as duas primeiras partidas, derrota para o Guarani, vitória sobre o Cobreloa.
Nove dias depois, Pepe foi demitido e chegou Cilinho, dispensado dez meses antes. Uma derrota para o Colo-Colo no Morumbi liquidou a chance de vaga na segunda fase.
Talvez fosse melhor manter o técnico por mais tempo.
O diretor Adalberto Baptista garante a manutenção de Ney Franco até dezembro.
O processo recente de "corintianização" do São Paulo produz mudanças de técnico demais --seis desde a saída de Muricy, em 2009. O Corinthians "são-paulinizado" teve só três treinadores em seis anos e um deles saiu porque foi para a seleção brasileira.
Digamos que o São Paulo perca do Strongest e seja eliminado na fase de grupos. Vexame! Menor do que o fiasco do Corinthians contra o Tolima. E é quase consenso que o título mundial começou quando Tite não caiu.
Vergonha de quê?
A vergonha do Corinthians foi maior do que a do São Paulo em caso de eliminação na fase de grupos. Vergonha mesmo é assumir erro após erro. Leão foi um erro. Carpegiani, um equívoco. Adílson Batista... não deu certo. Ney Franco...
Ney Franco fica...
Errar e continuar errando, isso sim é vexame.
Perder, nem sempre. No Brasil, uma derrota na Libertadores sempre produz análises drásticas. Nesta semana, o São Paulo perdeu do Arsenal de Sarandí, e o Grêmio, do Caracas.
A primeira eliminação de um time brasileiro para um venezuelano na Libertadores aconteceu em... 1968! O Desportivo Português eliminou o Náutico --que era bom. E o Colo-Colo tirou o São Paulo há 25 anos.
O Brasil não perdia tantos jogos na primeira fase da Libertadores desde 2002. Naquele ano, o Flamengo ficou em último lugar na chave de Olimpia, Universidad Católica e Once Caldas. De 2003 para cá, houve seis brasileiros desclassificados até a etapa de grupos: Paulista, Santo André, Coritiba, Flamengo, Corinthians e o Inter de 2007, quando era campeão mundial. Nesse período, doze campanhas de argentinos morreram na fase de grupos --o River Plate foi eliminado pelo Caracas, o Independiente pela LDU, o San Lorenzo pelo Once Caldas.
Libertadores não é Champions League. Mas há vida inteligente na Venezuela, como na Ucrânia. Se o Chelsea, campeão da Europa, caiu contra o Shakhtar, da Ucrânia, e o Manchester United perdeu do Cluj, da Romênia, é justo haver risco de o São Paulo ser eliminado pelo penúltimo campeão argentino.
Por ora, há também boa chance de classificação