segunda-feira, 11 de março de 2013

Alguém na lojinha

O futebol não é a maravilha que muitos imaginam. Mas não pode e não deve assumir todas as aberrações como se fossem fatos normais do cotidiano do País, que se prepara para receber a Copa do Mundo.

Luciano Bivar, ex-presidente do Sport, ex-deputado federal e ex-candidato à Presidência da República, em 2006, afirma ter comprado a convocação do jogador Leomar para a seleção de Émerson Leão, em 2001. 

É provável que esse tipo de notícia não surpreenda mais o cidadão brasileiro, diariamente bombardeado com coisas muito piores.

A declaração de Bivar, entretanto, exige apuração cuidadosa. Alguns dias se passaram e nada aconteceu. 

O silêncio, infelizmente, contém muito mais informação que a ação das ditas autoridades do esporte. Essa indiferença é perigosa, arranha a CBF e o futebol brasileiro. Pode levar muita gente a crer que a seleção não seja o único artigo à venda no balcão da entidade.

A Confederação tem o dever de agir para esclarecer quem é quem, ou quem foi quem, mesmo depois de tanto tempo. O que os comandantes atuais têm a ver com os erros do passado? Por enquanto, apenas a missão de trabalhar pela verdade.

A gestão do futebol é dramática. Os exemplos de ausência de poder são inúmeros. Barcelona e Milan decidem amanhã uma das vagas para as quartas de final da Liga dos Campeões. Em vantagem no confronto, os italianos jogaram na sexta-feira pelo campeonato nacional. Ganharam um dia a mais de folga para o jogo decisivo. Privilégio que os espanhóis não tiveram, pois foram a campo no sábado. 

Se até o calendário europeu está amontoado de partidas, se até o mais importante torneio do planeta é um problema na agenda dos clubes, a reclamação de Tite parece exagerada. 

Mas não é bem assim, Barcelona e Milan não viajaram 34 horas, ida e volta, entre um e outro compromisso. O treinador está correto em apontar incoerências e também em poupar vários jogadores contra o Ituano, poucas horas depois de uma partida em gramado sintético, disputada na fronteira do México com os Estados Unidos. Amadorismo tem limite.

Dívida. O segundo tempo foi do Palmeiras, o primeiro não existiu. A fase inicial do clássico, pelo bem do futebol, deve ser ignorada, como se não tivesse acontecido. Com Oswaldo e Jadson no banco, o São Paulo enfrentou o calor com Ganso e sem nenhum traço de velocidade.

Com Vilson, Márcio Araújo e Charles no meio de campo, faltou imaginação à resposta palmeirense, além de transferir toda a responsabilidade a Valdivia.

Mesmo quando ficou com um jogador a mais devido o cartão vermelho de Lúcio, o time teimou em se concentrar diante da meia lua da grande área de Rogério Ceni. 

O Palmeiras ainda está longe de alcançar densidade tática e inteligência para espantar a crise. Por enquanto vai precisar contar com a paciência de todos os seus torcedores. Todos. E com a boa vontade da polícia para prender os mais exaltados e perigosos.