sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Zinho explica saída do Fla: "Não teria caneta para assinar"

Definida a sua situação, o agora ex-diretor de futebol do Flamengo, Zinho, esteve na manhã desta sexta-feira no Ninho do Urubu para comentar a sua saída do clube. Exatamente às 10h03, o tetracampeão chegou à sala de imprensa trazido num carrinho de golfe. O dirigente chegou sorridente, brincou com alguns jornalistas presentes, mas tão logo começou a falar, seu semblante fechou. Os desabafos do diretor de futebol foram divididos em direção às antiga e nova gestões. Criado no clube, o ex-jogador garantiu que não gostaria de sair, mas diante do esvaziamento de sua função, deixou claro que não se sentiu à vontade. Por diversas vezes, o tetracampeão repetiu uma frase: 

"Eu não teria a caneta para assinar. Se fosse algo para sair de casa e começar agora, talvez", garantiu Zinho. 

O futuro, porém, deve mesmo ser como dirigente. Zinho revelou ter tomado gosto pela função e promete estudo e mais preparação, apesar de avaliar ter feito um bom trabalho ao longo dos sete meses. Sem alteração no tom de voz, o ex-jogador abordou vários problemas em sua passagem e destrinchou o caso do lateral-direito Wellington Silva, com quem afirma não ter mais amizade. Confira abaixo os melhores trechos da entrevista coletiva concedido no Ninho do Urubu. 

 SENTIMENTO

"Não estou feliz. Gostaria muito de permanecer, continuando o trabalho. Mas as condições não iam ser as mesmas. Dialogamos por esser período, passei as coisas que eu gostaria que permancessem e dentro da filosofia deles não era o que eles queriam. Quero deixar claro que não era eu que não queria ficar, as cirscuntâncias não eram para que eu permanecesse. A palavra final foi minha, claro. Peguei o barco no meio do caminho, tentando administrar. Por muitas vezes fiquei bem sozinho nesse comando. Acreditava que o trabalho iniciado agora do zero dentro do trabalho que foi feito de profissionalismo e seriedade isso foi feito. Com uma nova gestão, com condição financeira melhor, vindo reforços o trablaho poderia acontecer e fluir. Não foi possível, mas saio de cabeça erguida. 

DESEMPENHO

O meu trabalho eu mostrei. Tenho tido reconhecimento na rua, o que é o mais importante. Em respeito a esse torcedor que eu não aceitei essa nova função. Até mesmo porque na rua eu sei o que é ser diretor do Flamengo. A cobrança é muito grande. Eu não exercria essa função. Mas para a rua e para vocês, imprensa, eu continuaria no mesmo comando. Eu não teria a caneta para assinar, eu não aceitaria o cargo. Se fosse algo que eu estivesse em casa e começar agora, eu poderia pensar diferente. Mas fazer o que eu vinha fazendo, assumindo a responsabilidade em vários episódios, momentos de crise e dificuldade que eu tive de administrar"

IMAGEM

"Saio sem nenhum arranhão. Fui ali na base me despedir e me emocionei. Senti no semblante de todos uma triste com a minha saída. E isso não tem preço, é motivo de orgulho. Estou triste com a saída, mas com o coração e a mente em paz. Estou me preservando e meu nome está no mercado. Eu estava afastado por ter morado fora, mas mostrei minha competência e gostei do cargo, vou continuar me preparando, estudando. Vou continuar ligado, antenado. Quando uma nova proposta aparecer, certamente vou estar junto, seja no Flamengo ou em outro clube. Sou rubro-negro de coração, mas sou profissional. O profissionalismo falou mais alto do que a paixão"

PAULO PELAIPE

DEsejo sorte ao Paulo Pelaipe e até brinquei com ele ontem:  'você me derrubou'. Mas a função dele me enfraqueceu dentro do clube. Por mais que minha voz fosse ativa, eu não ia ter a caneta. Tenho uma relação muito boa com ele e desejo sorte ao Pelaipe. Está chegando ao Flamengo, é totalmente diferente de outro clube, mas tentei colaborar com ele em tudo. Passei todos os relatórios para ele e tudo da minha responsabilidade. Tem muitas coisas que estão falando aí, mas já estava feito, no contrato feito. Assumo as responsabilidades do dia 11 de maio até hoje"

FRUSTRAÇÃO

Frustrações foram lgumas não contratações. Sempre quis trazer um camisa 10, de nome, de peso. O Flamengo sempre tem de ter dois, três fora de série. Infelizmente cheguei num período de mudanças, da saída de um grande ídolo com uma crise grande, sem ser pela porta da frente. Muito se disse que a saída foi pela questão financeira. Ficou inviável trazer alguém caro. As notícias que saíam, verdadeiras, sobre crise financeira atrapalharam muito. Eles queriam garantia financeira, o marketing do boca a boca é muito forte. O jogador está na Europa e sabe o que ocorre no Flamengo. Ouvi muito que o Zinho não tem experiência na parte de contratação. Sem dinheiro, sem crédito no mercado pode vir o executivo mais experiente do mundo que não vai conseguir. Os salários estão muito altos, isso me assustou. E quando se fala de Flamengo os números crescem. Às vezes uma operação simples se torna muito difícil porque muita gente se envolve. Não é experiência, é o mercado. Foi uma frustraçaõ. Cheguei num momento difícil, sem patrocinador master, só verba da televisão muito comprometida. Como vou trazer um ogador com salário altíssimo e administrar com os seus jogadores com salários e bicho atrasado? E sozinho, né? Já não tinha mais vice-presidente de futebol. Administrar tudo isso foi uma frustração. Fiqueicom os braços atados, presos"

CARGO OFERECIDO

"Acompanhei muito pela imprensa. Na primeira entrevista coletiva foi a apresentação do Pelaipe. Nem fui procurado pela gestão nova para dizer que estavam contratando um diretor-executivo. É um direito deles também. Mas a primeira atitude da nova gestão foi colocar um cara na minha função. Eu me senti um pouco...não desvalorizado, não é essa a palavra. E sempre foi colocado que o diretor-executivo definiria a permanência do Zinho e do Dorival. Quando você quer a pessoa no cargo e é presidente ou vice-presidente e tem o poder, acompanharam meu trabalho, a conduta não teria de ter sido essa. Também acompanhei pela imprensa que eu seria rebaixado de posto, que meu salário seria reduzido. Tudo pela imprensa. Quando tivemos a conversa, o Pelaipe disse que eu seria um parceiro dele, que as decisões seriam tomadas em conjunto. Perguntei se eu teria uma voz. mas nas reuniões eu percebi que o comandante geral seria o Pelaipe. A voz seria dele e depois passada ao vice-presidente. Fui estudando tudo, o desenrolar dessas dificuldade de início de ano. Depois perguntei qual era a proposta. Era gerente de futebol, contrato de um ano, atrelado e redução de salário de 40% a 50%. Mas a parte financeira não é o principal"

VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES

"Você vai fazer uma negociação e as coisas facilmente já são passadas para fora, antes mesmo de você fazer um contato. Dentro do próprio clube você não sabe em quem confia. Mérito de vocês (imprensa) terem fontes, mas isso é ruim. Antes de você exercer uma negociação, ela é falada e desperta interesse de outro clube. Os bons jogadores já têm emprego e os preços sobem. Quando vazam as notícias tudo fica mais difícil. Com certeza já tem as coisas mais ou menos premeditadas porque tem interesse por fora, sem dúvida. E às vezes até comentários que não são verdadeiros, como o caso do Wellington Silva"

CASO WELLINGTON SILVA

"Eu cheguei aqui e ele já estava contratado. Chegou desconhecido, as pessoas que o contrataram foram criticadas. É feito um trabalho de busca. O Flamengo teria até o dia 31 de dezembro pra exercer a compra dos direitos. Não tinha um pré-contrato feito caso o Flamengo adquirisse. Não é o Zinho que fez assim, estava assim. Nós exercemos a compra dos 34%. Antes das férias, dois empresários falaram aqui que representavam o jogador. Mas fui perguntar ao atleta. O jogador disse que não era nem esses dois e nem quem o trouxe para o Flamengo. Era um terceiro nome. Pedi para ser apresentado porque o Flmengo queria ficar com ele. Fui apresentado pelo Wellington Silva a essa pessoa no estacionamento do Engenhão, no último jogo do Brasileiro. Pedi para conversarmos depois do jogo e apessoa já colocou uma série de coisas. Eu disse que quem definiria se ele seria titular seria o treinador do próximo ano. Pedi calma, disse que com certeza o contrato ia ser melhorado. Não fiz proposta porque ali nem era o local. Fui para a Índia para um compromisso particular e quando volto vejo notícias que não condizem com a verdade. Deveria falar a verdade: estou recebendo uma proposta melhor. Qual o problema? Isso falta no futebol. O Flamengo queria o Wellington Silva. Quando eu voltei da Índia, o jogador me ligou preocupado. Sentamos sozinhos, ele foi no meu carro buscar o meu filho comigo no colégio. Porque eu tenho amizade. Aliás, tinha amizade com o Wellington Silva. Falei para ter cabeça no lugar, ele disse que queria ficar no Flamengo. Avisei que os representantes dele iam fazer uma proposta para ele ir par outro clube. Wellington disse que ia falar com os empresários naquela noite e me ligar. Estou esperando até hoje"

ADRIANO

O Flamengo deu uma oportunidade a ele. Ele sabe disso. Mas infelizmente ocorreram alguns problemas. Sei que ele temum carinho por mim. Não nos falamos há um bom tempo, mas torço por ele.