Na segunda-feira, cerca de 3 mil cruzeirenses foram às ruas pedir pela volta de Alex ao Cruzeiro. A ideia da manifestação começou com um tweet do colega Anderson Olivieiri, autor do livro “Anos 90: um campeão chamado Cruzeiro”.

É justamente o Anderson que conta no texto abaixo como surgiu a Primavera Cruzeirense. Uma bela demonstração de amor a um clube e a um ídolo.

"Talvez seja ingenuidade, ou até mesmo estupidez, ainda duvidar do poder das redes sociais. A Primavera Árabe mostrou o que uma mobilização a partir desses veículos pode provocar.

Aqui no Brasil, recentemente, essas ferramentas foram utilizadas para organizar algo que não se via desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992. Marchas contra a corrupção aconteceram simultaneamente em várias cidades do país. E o mais surpreendente, com boa adesão.

No futebol, o último exemplo disso foi a ida da fanática torcida do Fenerbahce à residência do meia Alex, para ovacioná-lo e protestar contra o presidente do clube turco. Tudo foi organizado, também, através das redes sociais.

Mesmo sabendo da capacidade de uma “tuitada”, confesso que não imaginava poder, de certa forma, ser o causador de uma manifestação similar às mencionadas.
Mas fui, meus caros.

Divulgação
Alex pode não voltar ao Cruzeiro, mas continua ídolo
Alex pode não voltar ao Cruzeiro, mas continua ídolo
E tudo começou exatamente após a leitura de uma matéria que contava a “insanidade” dos torcedores do Fenerbahce, em vigília na casa de Alex, para o adeus ao craque. Uma foto desse evento mostra-o de costas e, ao fundo, centenas de torcedores, com sinalizadores, iluminando a rua e, provavelmente, com cânticos, reverenciando o ídolo. Impactante.

De tão bela a cena, imaginei-a em outro palco, com outros protagonistas e diferentes músicas. Foi quando tive a ideia de propor, para os meus quase 3000 seguidores no twitter, uma manifestação parecida para os cruzeirenses. Com uma finalidade clara e única: pedir a volta do Talento Azul.
“Torcida celeste em BH deveria imitar a do Fener e ir para a frente da casa do Dr. Gilvan, PACIFICAMENTE, pedir a contratação do Alex”. Esta foi a mensagem que, despretensiosamente, soltei para os seguidores.
Não foi preciso sequer uma hora para que o evento estivesse totalmente organizado, com local e horário definidos. Organizado, diga-se de passagem, pelos verdadeiros heróis e responsáveis pela manifestação, aqueles que, por meio de seus portais e sites na internet, difundiram o encontro.
Desta longe Brasília, onde os gritos das Gerais não ecoam, acompanhei o evento da mesma forma como ele surgiu, pelas redes sociais. Senti-me um pouco Alex – com perdão da imodéstia -, quando em 2003, na “cereja do bolo” que era o jogo contra o Paysandu, o do título, ele não pôde atuar.
A manifestação começou às 19 horas, na Praça 7, de Belo Horizonte. O meu principal pedido, aquele estampado em caixa alta no tweet, foi atendido, segundo me informaram os organizadores. Tudo ocorreu na máxima paz. Gritos, apenas de exaltação à maior estrela de 2003. Brigas, somente pela causa maior, a volta para casa do bom ídolo.
Se Alex voltará, só o tempo poderá dizer. E, sinceramente, isso não é o fundamental da história. 

Retornando ou não, ele continuará ocupando o panteão dos grandes nomes da história do Cruzeiro.
O que fica, de fato, do movimento é a certeza de que heróis arrastam multidões. Seja em Istambul, Belo Horizonte ou em qualquer outra cidade. O que precisa para isso? Um post no facebook ou 140 caracteres no twitter. E, claro, a devoção inexplicável de uma “nação” pelo ídolo."