Fui fazer um evento estes dias com o Dr. Rogerio Teixeira, que está no mundo do tênis há muito tempo e tem muita experiência no nosso esporte, e conversando com ele me deu vontade de escrever sobre um assunto muito discutido na nossa viagem.

Vida longa no circuito contra lesões.

Com a lesão do Nadal, a vida longa do Federer, a velocidade em quadra do Djokovic e as costumeiras lesões da grande maioria dos atletas, uma discussão importante vem sendo colocada sobre a mesa.
Será que o tênis está no caminho certo? Será que um jogo de mais de 5 horas permite um atleta a viver por muitos anos no circuito?

Estive vendo os jogos bem de perto neste US Open e pude constatar que a velocidade do jogo e principalmente a velocidade dos jogadores aumentaram muito. Na minha época (10 anos atrás), e nem preciso ir mais pra trás, o esporte não era tão veloz e os jogadores não se desgastavam tanto quanto agora.

No lado técnico é humanamente impossível conseguir um rendimento alto por muito tempo (anos). Obviamente que existem vários estilos de jogadores, e os que menos armas e mais pernas têm sofrem mais. Se colocamos Nadal, Djoko, Murray, Ferrer e outros desse estilo que ficam em média mais de 3 horas nos jogos duros, percebemos que o desgaste físico é muito grande. Fica até difícil explicar como eles conseguem jogar no dia seguinte. A galera que saca mais e não se desgasta correndo acaba desgastando muito articulações, ombro, punho, cotovelo, ao sacar o tempo todo a mais de 220 por hora. Se não sofre tanto com as pernas, sofre com o resto do corpo.

Do lado clínico, acho e conversando com médicos percebo que a vida do atleta ficou mais curta. Alguns médicos dizem que é muito difícil manter a excelência por mais de 5 anos. Não tem como não pagar o preço pela velocidade do jogo.

Outro ponto claro é ver que os jogadores mais altos se machucam mais. Isso sempre foi assim e só tem a piorar. 

Solução? Não tem como não achar que o calendário tem que mudar. Para mim os jogos de GS têm que continuar sendo melhor de 5 sets, mas de alguma maneira o circuito ter que ser encurtado. Não se pode pedir para um Nadal, Djoko, Murray jogar de 1 de janeiro até 20 de Novembro em um nível alto por muitos anos. Em poucos anos eles vão quebrar. O Nadal já deixa claro isso e não nos enganemos, o Djoko vai pelo mesmo caminho e o Murray também.

Alguns vão dizer. O Federer consegue. Ele realmente não se machuca, mas tenho certeza que ele jogaria muito mais se pudesse ter mais tempo livre sem ter que pular torneios.

Infelizmente, a ATP não pensa assim. Tanto se fala em encurtar o circuito, mas está aprovando a mudança do circuito sul-americano para dezembro. Se for mesmo pra dezembro, o tenista descansa quando? 

Pelo visto vamos ver jogadores incríveis abandonando a carreira em menos de 5 ou 6 anos. Quem perde é o atleta e principalmente o amante do esporte.