terça-feira, 31 de julho de 2012

Com título de rali no currículo, príncipe do Catar cumpre fama de multiatleta e conquista medalha no tiro

Campeão do Rali Dacar 2011 e medalhista olímpico em 2012. Esse é o retrospecto do príncipe do Catar, Nasser Salih Nasser Abdullah Al-Attiyah. Nesta terça-feira, o catari teve um grande desempenho na prova do skeet (popular tiro ao prato), conquistou a medalha de bronze e confirmou a fama de multiatleta. Al-Attiyah ficou atrás apenas do norte-americano Vincent Hancock e do dinamarquês Anders Golding, que levaram as medalhas de ouro e prata, respectivamente.

Vencedor do Rali Dacar em 2011, Al Attiyah disputou em Londres sua quinta Olimpíada. Curiosamente, a vaga só foi alcançada porque ele não conseguiu o bicampeonato no rali. "Perdi no Dacar, meu carro teve problemas mecânicos. Então, voltei para o Catar. Cheguei dois dias antes do campeonato asiático de tiro. Fui lá e consegui 150 pontos, que é o máximo possível, igualando o recorde mundial", contou o piloto-atirador ao ESPN.com.br.

O recorde rendeu a Al Attiyah o nome na história do esporte - ele foi apenas o quarto atirador a conseguir a marca - e uma vaga para a disputa de sua quinta edição dos Jogos Olímpicos. Apesar de já ser um veterano, o catari causou surpresa em alguns colegas de Vila Olímpica. "Vi muitos atletas que ficaram surpresos, que conheciam do rali. Muitos sul-americanos me encontraram e ficaram assustados, com aquela cara de 'o que ele está fazendo aqui?'"

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Al-Attiyah (primeiro da direita) no pódio da competição skeet
Al-Attiyah (primeiro da direita) no pódio da competição skeet

Al Attiyah é, de fato, um atirador de primeiro escalão. Ele terminou o primeiro dia de classificação do skeet - o popular tiro ao prato - com 72 pontos em 75 possíveis. O líder foi o norte-americano Vincent Hancock, com 74 pontos. Al Attiyah fez a mesma pontuação do sueco Stefan Nilsson e do dinamarquês Anders Golding, mas está em quarto pelos critérios de desempate. Na terça, os atletas terão mais 50 tiros, até que sejam definidos os classificados para a final, disputada logo depois.

A quarta colocação no primeiro dia de eliminatórias iguala o melhor desempenho do príncipe nos Jogos Olímpicos. Em 2004, o catari foi quarto colocado em Atenas. "Espero conseguir melhorar agora, e isso significa subir ao pódio. É difícil, eu sei disso, mas estou me sentindo muito bem", afirmou Al Attiyah, com um inglês de sotaque carregado e a elegância de quem tem laços com a família real do país.

Conhecido no mundo do rali como "o príncipe do deserto", Al Attiyah não gosta muito de falar sobre sua ascendência. Ele não é um príncipe da linhagem real, mas carrega o título pelas relações de sua família com a cúpula do governo do Catar. Governo, aliás, que é parte fundamental na carreira do piloto-atirador.

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Al-Attiyah durante a competição do skeet nesta terça-feira
Al-Attiyah durante a competição do skeet nesta terça-feira

"É estranho para algumas pessoas que eu me dedique a dois esportes tão diferentes. Mas eu aproveito a minha vida. É uma vida boa. O governo me dá muito apoio, ajuda nas competições de tiro e rali. Eles me tratam com estrela e eu acho justo, porque sempre lutei e ainda luto muito para colocar o Catar no mapa", diz o campeão do Rali Dacar, que enxerga um paralelo interessante nos dois esportes que pratica.

"Eu sempre gostei de caçar, de mirar um alvo e acertá-lo. O tiro e o automobilismo têm isso", afirma Al Attiyah, que cita uma grande semelhante entre as duas modalidades: "A concentração é fundamental em ambos."

Para conciliar rali e tiro, o príncipe monta um calendário no início de todos os anos. "Antes eu priorizava o rali, mas agora tento equilibrar mais", explica. Para ele, o mais interessante de ter essa vida dupla no esporte é poder conhecer mais gente. "Eu tenho um bom coração, gosto de fazer amigos. Por isso, estar em dois meios tão diferentes é ótimo", afirmou