quarta-feira, 27 de junho de 2012

VÍDEO: Quando o Boca contra-ataca. Cuidados que o Corinthians precisa ter na decisão

Mais uma análise de Boca Juniors x Corinthians, grande decisão da Copa Libertadores da América. Desta vez assinada por Renato Zanata Arnos, já bem conhecido por quem costuma acessar este blog. É a visão de quem conhece bem o futebol argentino, na tentativa de mostrar ao torcedores brasileiros, especialmente os corintianos, mais sobre o Boca.

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O dia 10 de fevereiro de 1935 foi marcado por um amistoso realizado no Pacaembu. Naquela ocasião, o Corinthians fez 2 a 0 no Boca Juniors, no primeiro de 11 duelos entre os clubes, com cinco vitórias xeneirzes, três empates e três vitórias do time do Parque São Jorge. O clube argentino marcou 27 gols e sofreu 17.

O Boca Juniors que receberá o Corinthians nesta quarta-feira em busca do seu 19º título internacional para bordar uma nova estrela dourada em sua camiseta azul y oro, uma das mais pesadas, temidas e gloriosas do futebol mundial. Os xeneizes, que acabam de se igualar ao Peñarol do Uruguai em finais de Libertadores disputadas (dez), estão a duas partidas de conquistarem o sétimo caneco da maior competição do continente.


reprodução
Santiago Silva, no destaque, quando esteve no elenco do Corinthians, há uma década
Santiago Silva, no destaque, quando esteve no elenco do Corinthians, há uma década


Precisaram, primeiro, superar os últimos capítulos de um ambiente interno dividido entre a patota do Riquelme e a "turma" do já aposentado Martín Palermo, e um início de trabalho conturbado de Julio Cesar Falcioni. A relação extra-campo do técnico com o maior ídolo do clube já foi bem confusa. Dentro das quatro linhas, o obstáculo foi o baixo rendimento técnico e físico de alguns importantes nomes do elenco durante o primeiro semestre de 2011.

Entretanto, na segunda metade do ano passado com as lesões houve uma boa trégua, com a melhora técnica de Leandro Somoza, Walter Erviti e Pablo Mouche, aliada aos pontuais reforços do goleiro Agustín Orión, do lateral/zagueiro Facundo Roncaglia e do atacante Dario Cvitanich.

Com eles, o Boca Juniors se sagrou campeão invicto do torneio Apertura 2011 com destacada campanha de 43 pontos conquistados em 12 vitórias e sete empates. Marcou 25 gols e sofreu apenas seis nas 19 partidas disputadas. No começo deste ano o elenco xeneize se reforçou ainda mais com as chegadas do uruguaio Santiago “El Tanque” Silva e ao repatriar, Pablo Martín Ledesma, que já havia defendido o Boca entre 2003 e 2008.

Renato Zanata
O 4-3-1-2 do Boca Juniors contra o 4-2-3-1 dos comandados de Tite
O 4-3-1-2 do Boca Juniors contra o 4-2-3-1 dos comandados de Tite

Contabilizando a temporada 2011/2012 até aqui, após 55 jogos o Boca Juniors atinge a ótima marca de 30 vitórias, 20 empates e apenas cinco derrotas. O Corinthians terá que encarar um Boca Juniors eficiente na recuperação da pelota (diante da Universidad de Chile foram 30 desarmes contra apenas quatro da equipe chilena) entre a meia-lua da sua grande área e a faixa central do gramado. Neste setor o destaque fica por conta da trinca de volantes, Somoza, Ledesma e Erviti, conduzidos pelo maestro Juan Roman Riquelme, que lhes indica o momento certo de acelerar e cadenciar a transição ofensiva.

Este Boca Juniors não faz questão e não precisa ser protagonista na posse de bola para ser competitivo e letal, apesar de possuir um meio-campo qualificado para se impor neste quesito. O time de Falcioni vem respondendo às investidas dos seus adversários com contragolpes mortais a partir dos pés e da visão apurada da cancha do desequilibrante Riquelme. Com bolas longas "El Diez" explora muito bem a velocidade de Pablo Mouche e do lateral esquerdo Clemente Rodriguez.

Outros pontos a se destacar no atual escrete azul y oro, e que deveremos ver mais nesta quarta-feira, são os arremates de fora da área, principalmente contra o adversário que melhor negou terreno aos seus oponentes (e o goleiro Cássio vem cedendo rebotes). Há também a bola parada, capitaneada pelo próprio Riquelme, que busca na grande área as conclusões do centroavante "El Tanque" Silva e do zagueiro Rolando Schiavi.

Taticamente este Boca Juniors se organiza a partir de um 4-3-1-2 com variação sem a bola para um 4-4-1-1 (muita das vezes com Silva mais recuado que Riquelme) e um 4-3-3, quando a proposta é exercer uma maior pressão na saída de bola adversária, desenho tático este, geralmente aplicado na primeira metade das partidas disputadas em La Bombonera. De posse da pelota as principais variações são o 3-4-3 (com um dos laterais mais a frente na marcação e no apoio), o 4-1-3-2 e também o 4-3-3.

Confira um típico contra-ataque mortal deste Boca Juniors de Julio Cesar Falcioni. Neste contragolpe puxado por Erviti, a bola também passa pelos pés de Ledesma e termina com uma bela conclusão de Santiago “El Tanque” Silva, em seu primeiro gol pelo Boca, sobre o Colón, pelo campeonato argentino:





O niteroiense Renato Zanata Arnos, 45 anos, é co-autor do livro “Sarriá 82 - O que faltou ao futebol-arte?”. Ex-comentarista da TV Esporte Interativo, é responsável pelo blog “Resenha Tática”. No Twitter siga @rzanata_arnos