sábado, 26 de maio de 2012

Euro 2012: Irlanda prepara ferrolho para anular rivais

A classificação para a Euro 2012 lavou a alma dos irlandeses após a frustração de ver a "mãozinha" de Thierry Henry ajudar a eliminar a seleção na repescagem para a Copa do Mundo de 2010. A primeira participação em uma Eurocopa desde 1988 tem a assinatura do italiano Giovanni Trapattoni, um dos técnicos mais experientes e vitoriosos do futebol mundial.

Capaz de armar uma retranca como poucos, "Trap" transformou a Irlanda em um time difícil de ser batido. Em suas duas últimas campanhas em eliminatórias, perdeu apenas um jogo, para a Rússia. Somente três seleções fizeram melhor: Alemanha, Espanha e Itália, todas invictas.

O problema para os irlandeses é que espanhóis e italianos estão no mesmo grupo, que ainda conta com a talentosa seleção croata, adversária da estreia. Ainda assim, nenhuma delas vai se sentir à vontade contra o ferrolho verde, que defende uma invencibilidade de 12 jogos, com apenas quatro gols sofridos no período.

A série invicta inclui amistosos contra Itália (vitória por 2 a 0) e Croácia (empate por 0 a 0) no ano passado. Embora o contexto seja diferente, Trapattoni já mostrou saber como frustrar os ataques rivais, contando com jogadores rodados como o goleiro Shay Given e o zagueiro Richard Dunne.

O problema é a falta de criatividade para criar problemas na frente. Com um meio-campo repleto de especialistas em marcação, a expectativa quase se resume às arrancadas de Damien Duff pelos lados do campo. Caso a bola chegue de alguma maneira ao ataque, a Irlanda confiará em Robbie Keane, recordista de gols pela seleção.

Com o estilo de jogo adotado, é difícil a Irlanda reagir quando leva o primeiro gol. Dá para pensar em uma classificação com três empates? O país conseguiu na Copa do Mundo de 1990, no grupo que tinha Inglaterra, Holanda e Egito. Mas nunca aconteceu a nenhuma seleção na história da Eurocopa.

A Irlanda é a única seleção entre as 16 participantes sem jogadores atuando no campeonato local, e 21 dos 23 convocados jogam por clubes ingleses. As exceções são Keane e Aiden McGeady, do Spartak Moscou.

Fique de olho - Dez anos depois de disputar a Copa do Mundo como um promissor atacante de 23 anos, Robbie Keane pode olhar para sua carreira com alguma frustração por não ter alcançado todo seu potencial. De qualquer maneira, sua história na seleção é importante: com 53 gols, é o recordista da Irlanda e um dos 30 maiores artilheiros entre todas as seleções do mundo.

Antes do Mundial de 2002, Keane já tinha experimentado decepções na carreira. Uma experiência no futebol italiano, pela Internazionale, não teve o desfecho esperado. Foi no Tottenham, onde permaneceu por seis anos, que viveu os melhores momentos da carreira, tornando-se ídolo da torcida.

O atacante ainda voltou aos Spurs após uma passagem ruim pelo Liverpool, mas não teve o sucesso de antes. Passou a rodar por outros clubes, como Celtic e West Ham, antes de aceitar o convite do Los Angeles Galaxy em 2011. No ano passado, ajudou o time a conquistar o título da Major League Soccer. Na Euro 2012, é um dos dois únicos jogadores atuando fora de clubes europeus.

Terceiro principal artilheiro das eliminatórias com sete gols, atrás apenas de Huntelaar e Klose, Keane é acusado de guardar seus tentos para jogos contra seleções menores. Nem sempre foi assim: na Copa de 2002, marcou gols importantes contra Alemanha, na fase de grupos, e Espanha, forçando a decisão por pênaltis nas oitavas-de-final. É a hora ideal para reviver aqueles momentos.

O comandante - Antes da chegada de Giovanni Trapattoni, a Irlanda viva momentos complicados. Uma campanha vexatória nas eliminatórias da Euro 2008 teve até uma goleada de 5 a 2 sofrida contra o Chipre.

Duas vezes campeão europeu pelo Milan em seus tempos de jogador, Trapattoni acumula 37 anos de carreira como técnico, alimentando o hábito de levantar taças. O currículo registra conquistas das três principais competições europeias (Copa dos Campeões, Copa da Uefa e a extinta Recopa), além de dez títulos nacionais repartidos entre quatro países.

A federação irlandesa conta com o apoio de um bilionário do ramo de telecomunicações para ajudar a pagar o salário do italiano, em um investimento de retorno garantido. É o melhor técnico da Irlanda desde o lendário Jack Charlton, que levou a Irlanda à Euro 88 e à Copa do Mundo de 1990, com uma geração indiscutivelmente mais talentosa.

Alcançar os resultados que Trapattoni tem alcançado apenas com jogadores, em sua maioria, coadjuvantes em times de médio e pequeno escalão da Inglaterra, é prova inquestionável de competência.

Os convocados:

Goleiros: Shay Given (Aston Villa/ING), Keiren Westwood (Sunderland/ING), David Forde (Millwall/ING);

Defensores: John O’Shea (Sunderland/ING), Stephen Kelly (Fulham/ING), Stephen Ward (Wolverhampton/ING), Richard Dunne (Aston Villa/ING), Sean St Ledger (Leicester/ING), Darren O’Dea (Leeds/ING), Kevin Foley (Wolverhampton/ING);

Meio-campistas: Glenn Whelan (Stoke/ING), Keith Andrews (West Bromwich/ING), Keith Fahey (Birmingham/ING), Darron Gibson (Everton/ING), Damien Duff (Fulham/ING), Aiden McGeady (Spartak Moscou/RUS), Stephen Hunt (Wolverhampton/ING), James McClean (Sunderland/ING);

Atacantes: Robbie Keane (Los Angeles Galaxy/EUA), Kevin Doyle (Wolverhampton/ING), Shane Long (West Bromwich/ING), Simon Cox (West Bromwich/ING), Jon Walters (Stoke/ING).

Ouça as partidas da Eurocopa a partir do dia 8 de junho pela Rádio Estadão/ESPN, e acompanhe diariamente o Fora de Jogo especial na ESPN e ESPN HD.