quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Apanhar ou bater, eis a questão: como não ser "bobo" na Libertadores?




“É, amigo, eles batem demais. Catimbam muito. Contra argentino é sempre a mesma história. Não dá pra mostrar passividade, tem que responder, tem que bater também, pra mostrar que brasileiro não é bobo!”

Crescemos ou envelhecemos ouvindo frases do gênero. E ainda hoje há quem acredite nisso aconteça o que acontecer. É mais ou menos como aquele sujeito que ainda crê que na Inglaterra só se joga bola na “base do chuveirinho”.

Ok, vá lá, jogador argentino ainda deve bater mais do que jogador inglês apelar pro chuveirinho. Mas entrar numa partida de futebol acreditando ser preciso mostrar que “brasileiro não é bobo” é... bobeira.

Já é bobeira em jogos equilibrados, como muitas vezes temos visto, inclusive em confrontos entre as seleções argentina e brasileira – os brasileiros, recentemente, têm pegado mais pesado nos duelos.

Mas a falta de inteligência é ainda maior quando há uma grande diferença técnica entre os times, como era o caso no confronto desta terça-feira entre o Fluminense (hoje, creio, melhor elenco do Brasil) e Arsenal de Sarandí (13º colocado do último Campeonato Argentino e longe de ser um dos melhores times do país).

Jogar bola, em casos como esse, seria a melhor forma de mostrar que “brasileiro não é bobo”. Até porque, hoje em dia, são raros os árbitros que mostram na Copa Libertadores a mesma conivência com a violência que, de fato, seus colegas mostravam há 15 anos.

Se os argentinos ainda batessem como aprendemos em nossa catequização midiática, provavelmente não ficariam os 90 minutos em campo.

Na vitória do Flu por 1 a 0, Fred estava pilhado demais. Deco batia com gosto. Wagner foi expulso por uma reação exagerada (sua expulsão foi mais incontestável que a de Aguirre). E, por fim, Leandro Euzébio recebeu seu vermelho ao brincar de Ibrahimovic e desferir uma espécie de golpe de taekwondo no "vilão" argentino.

Seria menos bobo e certamente mais produtivo se, neste ano, os times brasileiros na Libertadores deixassem de lado o desejo de mostrar que não são bobos