sexta-feira, 24 de junho de 2011

Flamengo lança jovem volante Luiz Antônio contra o Atlético-MG

RIO - Paralisado pela sequência de quatro empates, o bonde rubro-negro começa a abrir as portas para novos passageiros. À espera de Aírton, que deverá ser apresentado na segunda-feira, sem Willians e Bottinelli, suspensos, Luiz Antônio será titular amanhã contra o Atlético-MG, às 18h30m, no Engenhão. Criado no Encantado, no entorno da linha férrea, o volante de 19 anos já conhece bem o itinerário para botar o Flamengo novamente nos trilhos. Para quem vai da Central em direção a Madureira, é preciso passar sem tropeço pelo Engenho de Dentro para se encontrar a Piedade.
- Estou no clube desde pequenininho. Na base tem pressão. Já me acostumei - disse o jogador, que chegou à Gávea em 2003 quando Ronaldinho já era campeão do mundo.
Os conceitos de novato e veteranos no futebol rubro-negro são relativos como uma sequência de um time que empatou 14 dos seus 32 jogos no ano. Mesmo sem vencer três dos quatro jogos de mata-mata que fez no Estadual, o Flamengo foi premiado pela virtude de não perder. No Brasileiro, uma vitória no sábado fará o time celebrar a recuperação junto com a invencibilidade de seis jogos. Em caso de novo insucesso, já serão cinco jogos sem vitória. Há menos de um mês no clube, Júnior César já pegou o bonde em rota de colisão com a torcida sem mostrar qualquer desconforto.
- Time grande é assim. Queremos conquistar o Brasileiro, mas temos que fazer por onde - disse o recém-chegado, que fez as honras da casa para o volante com oito anos de clube e nenhuma experiência diante das câmeras e microfones. - É você que vai dar entrevista? Vou ficar para ver. Não vai quebrar, hein?
Muito tranquilo no discurso
No jargão do futebol, jogador que quebra não é quem parte o rival ao meio. O verbo é mais usado para os que tropeçam nas palavras. Em todos os sentidos, até que Luiz Antônio quebra pouco, mesmo com a obrigação de substituir Willians e dar seu recado. Em quase todas as respostas, mostrou-se tranquilo como a torcida espera vê-lo no sábado.
- Tenho um pouquinho do pittbull para marcar e qualidade para sair para o ataque. - disse o jogador, que ainda vai de ônibus aos treinos. - Levo duas horas. Ainda passo dificuldades, mas estou tranquilo, não tem como ficar nervoso. Todos me ajudam.
A solidariedade é uma via de mão dupla onde trafega a nova composição rubro-negra. Enquanto tenta descontrair o novato, Júnior César espera dele todo o suporte que o Flamengo precisa escapar do congestionamento da entrada da área.
- Com a possibilidade de a gente jogar com três zagueiros, sei que teremos mais liberdade pelas laterais - disse Júnior, sobre os retornos de Ronaldo Angelim ao time titular e da confiança em jogar pelas pontas. - Eu e Leonardo Moura sabemos que nossa importância será fundamental.
Com um jogador a menos na maior parte do empate com o Botafogo, Júnior César e Luiz Antônio tiveram atuações contidas no clássico. A julgar pela descontração que exibiam ontem, estão mais soltos. Integrado há um mês aos profissionais, o volante diz não sentir o peso da camisa. Pelo contrário, é a força dela que o faz viver num mundo encantado. Filho de um militar com uma dona de casa, Luiz Antônio tem dois irmãos e guardou a camisa do primeiro jogo para presentear a família.
- Meus pais é que me dão tranquilidade. Eles são suspeitos, sempre me elogiam - disse, disposto a se submeter a avaliação não menos sentimental da torcida. - Eu sou Flamengo, quero jogar.
À vontade no clube, o volante também se sente perto de casa no Engenhão. Depois do jogo, volta de táxi para o Encantado sem precisar passar pela Piedade. Depois de oito anos, Luiz Antônio já merece seu lugar no bonde.