segunda-feira, 14 de março de 2011

A saída de Muricy: sobram hipóteses, faltam explicações

Não sei se Muricy Ramalho deixou o Fluminense para daqui a pouco apresentar-se no Santos. Sei que o Santos, desde a demissão de Adilson Batista, estava de olho em Muricy. Dez dias atrás, a repórter Dani Scatolin, da ESPN/Brasil, havia captado essa indiscrição, durante reportagem que tinha ido fazer na Vila Belmiro. Não houve pronunciamento oficial a respeito, mas a expectativa era a de que o treinador campeão brasileiro de 2010 saísse das Laranjeiras na volta do jogo com o América do México.
O mercado do futebol é bem parecido com o famigerado mercado financeiro. Quando, num ou noutro, desponta burburinho a respeito de um treinador, um jogador ou a situação de uma empresa, é porque tem coisa a rolar nos bastidores. Às vezes, demoram para vir à tona, mas o pessoal do meio pressente para onde o vento vai soprar e faz suas investidas. Não foi por acaso, portanto, que a Dani ouvi na Baixada Santista que Muricy não era sonho impossível.
Ao largar o Flu não significa também que Muricy logo vá assinar com o Santos. Gente próxima ao treinador insinua que o desejo dele é o de ficar um mês parado, a curtir sua rotina e os jogos pela televisão. Mas mesmo essas pessoas não cravam que esse roteiro será seguido à risca. Dependerá do humor do “mercado” da bola, das propostas que eventualmente venham a ser feitas para fisgar o passe do treinador.
A saída do Flu carece de explicações, que talvez Muricy dê nesta segunda-feira. O técnico teria tomado a decisão de ir embora, após a demorada volta do México. Por questões de logística, a delegação levou quase dois dias para chegar ao Rio. Teria sido a gota d’água para chutar o balde. Só esperou um pouco por respeito ao Fla/Flu.
Claro que sobrarão ilações no ar. Muricy sai num momento em que o Flu está em baixa, depois de ficar fora da decisão do primeiro turno do Estadual do Rio e, principalmente, por sentir a corda no pescoço na Libertadores. A eventual desclassificação no torneio sul-americano, hipótese nada improvável, deveria provocar seu desligamento. Tratou, então, de antecipar-se, para evitar o desgaste da dispensa? Pode ser, mas não cravo.
Por fim: por que não imaginar que ele pegou o boné porque se encheu mesmo de cobrar estrutura que não lhe foi dada? Muitas vezes, no trabalho, a gente releva dificuldades, na expectativa de que uma hora as coisas mudem. De repente, batem os cinco minutos, como se dizia antigamente, e jogamos tudo proar.
Soa muito óbvia essa hipótese para ser verdadeira, não é. E a gente gosta mesmo é de uma boa teoria da conspiração.