quinta-feira, 24 de março de 2011

Roberto, corta essa

Correu pela internet uma imagem de um torcedor do Zenith oferecendo, de forma jocosa e racista, uma banana ao lateral Roberto Carlos no Estádio Petrovsky, em São Petesburgo, na Rússia. O jogo era válido pela segunda rodada do campeonato local e outra vez o mundo do futebol se viu surpreendido com um triste episódio do tipo. Logo iniciaram-se as acaloradas e intermináveis discussões sobre o assunto; o principal questionamento é até quando a Fifa permitirá manifestações nojentas como essa. A resposta parece óbvia: até que medidas mais severas sejam impostas aos responsáveis e que clubes e jogadores deixem de lado a complacência.


Roberto Carlos mesmo já esteve do “outro lado”. Nos tempos de Real Madrid o brasileiro foi alvo de duras críticas depois de oferecer a sua camisa à Jose Luis Ochaíta, um dos líderes dos Ultra Sur, grupo de fanáticos madridistas associados à extrema direita. Para membros do “Movimento contra a Intolerância” da Espanha, a partir de então o galático estava se retirando da luta contra o racismo. À época o lateral minimizou o incidente. Como o faz agora, ao dizer-se “não ofendido”.


Polêmicas à parte, em recente entrevista ao diário Marca o jogador disse não estar pensando em aposentadoria. “Eu amo o futebol. Outros jogadores da minha idade sofrem com os treinos, cansam com as viagens e têm problemas físicos. Eu não, tenho tido sorte com as lesões. A chave para isso é que sigo desfrutando e me sinto ainda jovem”, contou o jogador de 37 anos, que também revelou os motivos que o fizeram trocar o Corinthians pelo desconhecido Anzhi e o congelante frio siberiano. Segundo ele, o proprietário do clube, Sultan Magomedov – dono da terceira maior fortuna da Rússia –, lhe apresentou um projeto de carreira que inclui duas temporadas e meia como jogador e posteriormente a chance de se tornar treinador e dirigente da equipe. Dinheiro, ele garante, não pesou na decisão. Já a pressão da torcida corintiana, sim. “Não vou estar aonde não me querem”, declarou. “Em Moscou eu estou muito feliz e encantado com o carinho e respeito das pessoas”, completou. Já em São Petesburgo, principalmente entre os torcedores do Zenith, talvez Roberto Carlos não possa dizer o mesmo.

Vale a pena essa roubada, Roberto?
Vale a pena essa roubada, Roberto?
Crédito da imagem: Reuters