segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O inferno é logo ali

Sou carioca. Nascida e criada na cidade. Acostumada com o calor. A família da minha mãe é de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Lá, a água sai quente da torneira. Nunca tive problema com calor, muito menoscom matéria. Já cobri muito tempo editoria geral: morro, enchente, tiroteio, enterro e todo o tipo de desgraça. Só que no sábado, a partida entre América x Flamengo me incomodou.

Primeiro pelo total desrespeito com o torcedor. Vários ficaram no prejuízo, e mesmo com o ingresso comprado não conseguiram assistir à partida. Uma vergonha! Teve spray de pimenta e distribuição de pontapés. Quem conseguiu entrar, sofreu com o calor. Era um tal de guarda-chuva aberto e boné improvisado. 40 graus, e a sensação térmica era terrível. Água? Nem pensar! Não tinha água para vender. Era um inferno.

Nas cabines de rádio, locutores e comentaristas narravam com o sol no rosto. Na cabine da "Rádio Globo" faltava luz. Teve gente passando mal. Total falta de condições para trabalhar. No final, encontrei Edu Coimbra. Sempre educadíssimo. Ele nunca deixa de perguntar como vai a minha Clarinha. Me contou como andava a vida. Falou sobre o momento difícil da filha dele. Edu, um dos maiores nomes da história do América, não merece isso.

Lembro do América onde hoje é o Shopping Iguatemi, na rua Teodoro da Silva. Quantas vezes na minha infância não fui espiar o que estava acontecendo ali. Estudava no Pedro II e quando pegava o ônibus era
exatamente o final do treino. Assistia àquela movimentação dos repórteres. Quando virou shopping, meu pai falou que jamais colocaria os pés lá e que não compraria nada naquele local.

O bairro perdeu a graça e de vez nos mudamos para Copacabana. Até hoje temos implicância com o Shopping Iguatemi. Os times grandes não vão mais jogar em Edson Passos. Por total falta de condições. Não tivemos água, luz nem respeito.