terça-feira, 30 de novembro de 2010

Facilidade de locomoção é a arma de Holanda e Bélgica para ter Copa-2018

gullit, campanha para copa de 2018Ruud Gullit 'lidera' passeio de bicicleta (Foto: AP)

Após garantir o vice-campeonato da Copa de 2010 ao realizar uma campanha irrepreensível na África do Sul, a Holanda tem um novo objetivo no futebol: ser sede do Mundial de 2018. A escolha será feita na próxima quinta-feira, em Zurique, na Suíça, e para atingir o sonho o país se uniu à Bélgica para tentar convencer os juízes da Fifa que pode receber o torneio daqui a oito anos. E a principal arma da candidatura é justamente a distância entre as cidades indicadas para abrigar os jogos do torneio. O maior percurso que terá que ser percorrido por uma seleção ou pelos torcedores caso a dupla seja escolhida é de 374km de Enschede para Charlelroi, menor do que o trajeto para chegar do Rio a São Paulo (cerca de 450km).
E é justamente a tecla da facilidade de lomoção que é a mais batida pelo comitê organizador da candidatura de Holanda e Bélgica, presidido pelo ex-jogador Ruud Gullit, que esteve no Brasil na semana passada para participar da Soccerex, convenção de negócios e futebol, realizada no Forte de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, para divulgar a campanha. Além dele, outros ex-atletas como Pierre Van Hooijdonk, Jean-Marie Pfaff, Rob Witschge e Artur Numan também fazem parte do grupo que tentar levar o Mundial aos dois países.
Frans Van der Grint, responsável pela campanha, falou do conforto do torcedor para ir aos estádios caso os dois países sejam escolhidos como sede e do uso das bicicletas, meio de transporte comum na Bélgica e principalmente na Holanda.
Soccerex - Seleção da Holanda em campanha pela Copa de 2018Van Hooijdonk, Gullit e Pfaff são embaixadores da campanha de Holanda e Bélgica para receber a Copa do Mundo de 2018. A escolha será feita na próxima quinta-feira (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)
- Durante o Campeonato Holandês, os jogadores chegam de bicicleta aos estádios e costumam conversar com os torcedores antes de entrar nos estádios. Isso em comum em nosso país. Os torcedores deixam as bicicletas nas estações de trem próximas de casa e vão aos estádios. Na volta, basta pegar a bicicleta e retornar para casa - contou Grint.
Os dois países indiciaram 14 estádios para a Fifa em 12 cidades. Seis já estão prontos e o restante será remodelado ou reformado pelo comitê organizador.
No Rio de Janeiro, Gullit admitiu que a candidatura não é a favorita a receber o Mundial, mas que a campanha na reta final da escolha da Fifa pode ajudar a superar Rússia e Inglaterra, que levam uma pequena vantagem no pleito.
- Não estamos na frente pela disputa, mas acho que podemos superar os rivais nesta reta final. Tudo depende da forma como as pessoas viram a nossa campanha - afirmou o jogador, que chegou a visitar um projeto social de um holandês em uma comunidade no Rio.
Confira abaixo a entrevista com um dos representantes do comitê organizador:
Estádio Holanda Amsterdam ArenaAmsterdam Arena é um dos principais estádios
da campanha de Holanda e Bélgica (Divulgação)
GLOBOESPORTE.COM: Você pode listar os principais pontos fortes da candidatura? Qual é a vantagem em relação aos outros concorrentes?
ROB DE LEEDE: Nós somos uma candidatura muito compacta. A maior distância entre qualquer uma das cidades-sede é de 370km. A distância média entre as cidades é de 175km quilômetros. Com isso, o próximo jogo de uma seleção nunca está longe.
Além das distâncias, algum outro ponto forte da candidatura?
RL: Podemos organizar a Copa do Mundo mais ecológica de todos os tempos graças aos sistemas construtivos e materiais inovadores que vamos utilizar. Teremos um Mundial 50% mais sustentável do que qualquer um dos anteriores graças ao trabalho de reciclagem de água e resíduos que estamos fazendo. Os torcedores com ingressos para os jogos terão transporte público gratuito e teremos dois milhões de bicicletas disponíveis para os fãs que visitarem o nosso país durante o Mundial.
O fato dos dois países terem sido sede da Eurocopa de 2000 pode facilitar a escolha?
RL: Queremos mostrar ao mundo que os países com mais tradição no futebol não podem ter o monopólio de receber uma Copa do Mundo. Queremos mostrar que os países médios também podem conseguir realizar uma competição de sucesso. Outras nações serão inspirados por nós, assim como outras nações foram inspiradas por nossa campanha conjunta em 2000.
Holanda e Bélgica se acham experientes após a Euro de 2000 para receber uma Copa?
RL: Nós temos a experiência de um bom evento em 2000, que foi o primeiro evento conjunto com um grande lucro. Quem estava lá sabe do que estou falando.
O fato de o futebol holandês e belga ter vários profissionais espalhados pelo mundo também é um facilitador para a escolha da Fifa?
RL: Nós produzimos grandes jogadores e treinadores durante as últimas décadas, que têm contribuído para o desenvolvimento do futebol do clube e de várias seleções internacionais. Curiosamente, um país pequeno como a Holanda tinha quatro treinadores na Copa do Mundo 2006, na Alemanha. Queremos que o mundo veja como os nossos clubes são organizadores, como o país é organizado.
Por que a candidatura em conjunto com a Bélgica?
RL: Não podemos sediar a Copa do Mundo como um país individual. Por esse motivo, voltamos para o sucesso que foi a Euro de 2000, quando mostramos o que podemos fazer juntos. Agora, queremos inspirar outros países a pensar em juntar forças e considerar os benefícios de sediar a Copa do Mundo.
Como foi receber o escândalo da venda de votos dos membros do Comité Executivo da Fifa?
RL: Temos ouvido e lido sobre isso, mas não envolve a nossa candidatura. Segundo assim , nós podemos ficar concentrados apenas na nossa campanha.
tabela distância das cidades de holanda e bélgicaConfira as distâncias das cidades indicadas por Holanda e Bélgica para receber a Copa do Mundo de 2018. Escolha será divulgada pela Fifa na próxima quinta-feira, em Zurique, da Suíça (Foto: Divulgação