segunda-feira, 11 de julho de 2016

Tiro no pé

prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), começou a colocar as manguinhasde fora e seu projeto político na rua. A menos de um mês do começo daOlimpíada, ele tenta descolar sua imagem da parceria de anos com outrosanfitriões.
É um jogo perigoso, mas ele sabe que, se posar como o rei da festa e tudo saircomo esperado, o prêmio é viabilizar seu nome como alternativa à presidênciaem 2018, ainda que diga que o próximo passo seria o governo estadual.
O caminho natural para brilhar  está aberto. Temer é um presidente que nãoé presidente, candidato a vaias nos Jogos. O governador licenciado do RioLuiz Fernando Pezão (PMDB) segue em tratamento médico, e seu interino,Francisco Dornelles (PP), é um ilustre desconhecido, nacionalmente falando.
No turbilhão de críticas que o Rio vem recebendo, principalmente em relaçãoà criminalidade, que tem como coadjuvante a falência do Estado, o alvo doprimeiro ataque pesado foi justamente a ineficiência do governo estadual emrelação à segurança pública.
Paes disse que o Estado tem feito "trabalho horrível na segurança", quedeveria "tomar vergonha na cara", "arregaçar as mangas", "parar com ochororô". É uma boa cartada se despir de responsabilidades e pode até colarporque a segurança pesada está na conta do governo estadual, mas faltaesclarecer a falta de patrulhamento da Guarda Municipal (GM), que podeajudar a manter a ordem, coibir pequenos delitos ou organizar o trânsitocaótico na cidade.
Segunda-feira (4), era possível andar pela orla inteira do Leblon ao Arpoadorsem avistar um único policial civil ou agente da GM. Infelizmente o que deupara ver foi um senhor ser roubado. Também sempre me pergunto o quefazem os agentes da CET-Rio, além de acenar para que os carros passem nosinal verde e parem no vermelho, sem no entanto terem poder de multarqualquer tipo de infração.
Num outro episódio, Paes pediu aos turistas que não venham ao Rioesperando encontrar cidades como Londres ou Nova York. Nessa altura docampeonato, essa ressalva soa como desculpas adiantadas. Vem, vai entrando,fique à vontade, a cerveja está gelada, mas não reparem na bagunça. Para oprefeito, talvez o Rio esteja para Londres e Paris, assim como Maricá está parao Rio.
Nessa tentativa de se blindar em relação aos problemas mais óbvios, o quecausa espanto é a insistência de Paes em manter o nome de Pedro PauloCarvalho como seu candidato à prefeitura. Não é de hoje que a vida pessoal depolíticos é exposta e explorada por adversários.
Mas o caso da agressão na qual Pedro Paulo esteve envolvido ganha aindamais projeção num momento importante em que a violência contra a mulhervem sendo muito mais discutida e combatida.
Não haverá trégua. No dia do lançamento de sua pré-candidatura à prefeitura,o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) referiu-se a Pedro Paulo comoespancador, carimbo que vem grudando na imagem do candidato do PMDBcomo chiclete em sola de sapato.
Eduardo Paes talvez esteja tão seguro —e  chances de que esteja certo— deque a Olimpíada será um sucesso estrondoso, que o seu capital político serásuficiente inclusive para limpar a barra de Pedro Paulo. Mas se for umfracasso, isso tudo pode ser  tiro no pé.