segunda-feira, 11 de abril de 2016

O embrião da mudança

A reunião de semana passada para discutir a Liga Sul-Americana registroudois fatos marcantes. O primeiro foi a volta do São Paulo à posição deprotagonista político. O Morumbi foi escolhido como sede do encontro, porsua estrutura, mas também porque o clube impôs a si mesmo o papel deanfitrião.
Fundador do Clube dos 13 em 1987, o São Paulo não se colocava à frente degrandes movimentos de clubes desde a atuação de Juvenal Juvêncio parafazer Fábio Koff ganhar a briga conta a CBF, na eleição para a presidência doClube dos 13, em 2010.
Nunca mais!
"Este encontro foi um momento de união dos clubes para a criação da LigaSul-Americana, mas temos um ruído aí", afirma o presidente do São Paulo,Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
Os presidentes do Boca Juniors, River Plate, Nacional e Peñarol pisaram nomaior estádio paulista e foram os primeiros a perceber o segundo fatorelevante do encontro. Os 12 maiores times brasileiros estavam representadose absolutamente unidos em questões decisivas sobre a reforma daLibertadores.
O tal ruído é um ponto sobre o qual os clubes brasileiros não abriram mão: asede da nova Liga Sul-Americana ser na cidade de São Paulo. Argentinos euruguaios deixaram o país acusando o Brasil de arrogância, mas aintransigência foi um símbolo de unidade. Foi a primeira vez desde a rupturado Clube dos 13 que 12 dirigentes juntos fecharam questão sobre algumacoisa.
Ter a sede da Liga Sul-Americana na maior cidade da América Latina é umsímbolo, para eles, de que não haverá uma estrutura política similar à daConmebol. A nova liga tem de ser moderna. Estar na cidade que maismovimenta dinheiro no continente é emblemático.
Mesmo que o projeto não avance em relação à Libertadores, o embrião deunidade dos 12 clubes pode levar a decisões sóbrias sobre o projeto maisrelevante.
O maior campeonato da América Latina precisa ser o Brasileiro. A discussãosobre como ter a Libertadores mais organizada e rentável sempre vai esbarrarna incapacidade dos países mais pobres, como Peru e Bolívia, de seadequarem às condições necessárias para ter uma Champions League daAmérica.
O Campeonato Brasileiro, não. É mais possível fazer no Brasil um torneioadequado às condições das principais ligas da Europa. Inferior à PremierLeague, mas próxima do Campeonato Espanhol em organização. Serrelevante.
Relevância não significa ter os principais jogadores do mundo, como RealMadrid e Barcelona, mas ter jogos importantes no cardápio das emissoras deTV da Europa.
Em fevereiro, o clássico Palmeiras x Santos foi transmitido ao vivo em toda aInglaterra. Não é o único caso, mas o Brasil ainda entra na grade dasemissoras europeias como complemento de grade de programação. Otratamento é diferente do que as emissoras brasileiras dão aos campeonatosinglês e espanhol.
O processo de internacionalização está mais próximo, mas ainda muitodistante do que precisa acontecer.
A união dos 12 maiores clubes do Brasil revelada na reunião do Morumbipode ser o embrião dessa mudança. Quem sabe para ter um Brasileirão deverdade.