segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A casa dos outros

A camisa comemorativa usada pelos jogadores depois do título da Copa do Brasil do Palmeiras, em 2015, dizia: "Quem manda na minha casa sou eu!"
Não manda.
Já são 39 partidas no Allianz Parque e o Palmeiras não venceu 16. A cada dez presenças na sua casa, não ganha quatro.
Contra a Ferroviária, sofreu a nona derrota e são também sete empates. O Corinthians perdeu só quatro vezes em 57 jogos em Itaquera.
Com Marcelo Oliveira, o índice é pior ainda. O técnico campeão da Copa do Brasil sentou-se no banco de reservas no Allianz Parque 22 vezes e não ganhou nove –42%.
A Ferroviária não jogava no estádio do Palmeiras desde a primeira rodada do Campeonato Paulista de 1996, velho Parque Antarctica.
Aquele time de Djalminha, Rivaldo, Luizão e Muller enfiou 6 a 1 no adversário de Araraquara. Terminou o Paulistão com 102 gols em 30 jogos. Na campanha, disputou 13 partidas em casa. Ganhou todas e marcou 51 vezes.
Não há nível de comparação e a lembrança só existe porque aquele título começou contra a Ferroviária. É também onde pode se iniciar a derrocada de Marcelo Oliveira.
Timaço, histórico, aquele Palmeiras ganhou só o Estadual e deixou um gosto de quero mais.
Este já é campeão da Copa do Brasil e reestreará na Libertadores como mandante na quinta-feira. Mas não convence. A Ferroviária que venceu por 2 a 1 neste domingo (28), no Allianz Parque, é forte. O Rosario Central é bem melhor.
Ou seja, o risco é perder de novo na quinta (3) e isso pode desestabilizar de uma vez por todas o trabalho de Marcelo Oliveira.
O treinador já aceitou algumas críticas e mudou o sistema tático nas últimas partidas. "Eu faço o losango pelo lado esquerdo", diz Robinho. O meia ficou satisfeito com seu novo posicionamento e deixou isso evidente depois da vitória por 4 a 1 sobre o XV de Piracicaba. Atuou na mesma posição contra a Ferroviária. Não funcionou.
O que falta ao Palmeiras é a capacidade de fazer o adversário render-se a seu estilo. Mesmo se for o contra-ataque, o rival precisa sofrer com as jogadas de velocidade.
Só que o Palmeiras não tem estilo. Contra a Ferroviária, entregou-se à maior capacidade de trocar passes do adversário e terminou a partida com 41% de posse de bola
Gabriel Jesus errou dez passes, Robinho deveria ser o articulador da equipe, mas desperdiçou oito passes e perdeu a bola sete vezes. Não pode.
Neste ano, só houve três jogos razoáveis da equipe de Marcelo Oliveira. As três como visitante, nas duas vitórias contra Botafogo, em Ribeirão Preto, e XV, em Piracicaba. E no empate por 2 a 2 contra o River Plate, em Maldonado.
Fora de casa, o Palmeiras tem mais chance de entregar o controle da bola ao adversário sem se incomodar com a pressão da arquibancada. Só que os dois próximos jogos da Libertadores são contra rivais fortes e dentro do Allianz Parque.
Em casa, historicamente, o ritmo do Palmeiras não é do contra-ataque. É da troca de passes e infiltrações. Era o que fazia aquele Palmeiras de Luxemburgo de 1996. Aquele que só ganhou o Paulista.
A missão do time derrotado em casa para o Linense e para a Ferroviária certamente não é vencer o Estadual. Só que para ganhar a Libertadores pela segunda vez na sua história, vai ter de melhorar muito.
Editoria de Arte/Folhapress
FESTA DO INTERIOR
Há muito tempo o Paulistão não era assim. A cada três jogos de um grande contra um pequeno, um termina com ponto ganho pela equipe do interior. Pode apostar que é porque alguns dos pequenos estão melhores do que antes.
NEM TODOS
Entre eles, a Ferroviária, comandada pelo técnico português Sérgio Vieira, o Ituano, dirigido por Juninho Paulista, e o São Bento. Neste século, só quatro vezes os quatro melhores do Campeonato Paulista foram os quatro grandes.