domingo, 7 de junho de 2015

Jogaço! Juventus valente e ofensiva valoriza ainda mais o título de um Barcelona histórico

Antes do primeiro minuto da final em Berlim, a Juventus pressionou a saída do Barcelona e avisou ao estádio e ao adversário: não estacionaria um ônibus na entrada da própria área à la Mourinho.
O plano do time italiano era pressionar a saída com Tevez e Morata apertando os dois zagueiros abertos e Vidal abafando Busquets. Se o Barça ultrapassasse esse bloqueio, recomposição rápida em duas linhas e Tevez voltando para ajudar.
REPRODUÇÃO ESPN
42 segundos da final e a Juventus marcando no campo do Barcelona, pressionando o homem da bola e fechando as linhas de passe - aviso de que atacaria.
42 segundos da final e a Juventus marcando no campo do Barcelona, pressionando o homem da bola e fechando as linhas de passe - aviso de que atacaria.
Sò que não é fácil encarar esse Barcelona. Time essencialmente técnico e tático. Não há quem não saiba jogar, trocar passes. Ataque posicional, jogo apoiado. A coordenação dos setores, o entrosamento, a valorização da posse obrigam o adversário a correr atrás. Castigam fisicamente.
E quando Messi, Suárez e Neymar estão bem vigiados ou distantes da zona de decisão, Iniesta ultrapassa no tempo certo, ataca o espaço vazio no passe de Neymar e serve Rakitic na área, como um centroavante.
REPRODUÇÃO ESPN
Flagrante do momento em que Iniesta ataca o espaço vazio facilitando o passe de Neymar e Rakitic se desloca para receber no centro para abrir o placar
Flagrante do momento em que Iniesta ataca o espaço vazio facilitando o passe de Neymar e Rakitic se desloca para receber no centro para abrir o placar
Belo gol que facilitou com espaços o trabalho do melhor time. 68% de posse e 92% de acerto de passes no primeiro tempo, oito finalizações a cinco - quatro a um no alvo.
A Juventus não abdicava do ataque e jogava com espírito de decisão, em alto nível. Mas o desgaste emocional de não controlar o jogo, nem ter a bola, resultou em 15 faltas contra apenas quatro do rival. Vidal, com amarelo, fazia faltas e reclamava da arbitragem. Um perigo.
ANDRÉ ROCHA - TACTICAL PAD
Juventus variando do 4-3-1-2 para duas linhas de quatro e tentando atacar um Barcelona que controlou a posse, mas acionou pouco o trio de ataque.
Juventus variando do 4-3-1-2 para duas linhas de quatro e tentando atacar um Barcelona que controlou a posse, mas acionou pouco o trio de ataque.
Cenário que não se alterou no início do segundo tempo. Quem mudou foi Messi. Mais participativo, procurando o centro, diferente da primeira etapa apenas distribuindo o jogo a partir da direita. Também bem cercado por Pogba e Evra. Parecia que o segundo gol era questão de tempo.
Mas a Juventus adiantou as linhas com coragem e trocando passes começou a chegar à frente com muitos jogadores, em bloco. Problema para um Barcelona preparado para pressionar e roubar a bola no campo do oponente. Quando atacado no último terço, falta gente para defender.
Pior ainda quando Daniel Alves, desafogo pela direita, erra na saída e o forte setor esquerdo falha na marcação. Neymar e Alba. Calcanhar de Marchisio, primeira aparição de Lichtsteiner no ataque, chute de Tevez e gol do predestinado Morata.
Nitidamente o Barcelona sentiu o golpe. Passou a perder divididas, errar passes e não controlar a posse. Com ambiente favorável, inclusive maioria da torcida no estádio alemão, a Juventus avançou de vez. Pirlo, Marchisio, Pogba e Vidal dominavam o trabalho entre as intermediárias, obrigando Rakitic, Iniesta e até Neymar a voltar para ajudar Busquets.
Porém não se dá espaços para o Barça que hoje também é do contragolpe impunemente. Um metro para Messi é latifúndio. Arrancada do argentino, chute forte, rebote de Buffon, gol de Suárez.
Allegri oxigenou seu time, mas sem mudar a estrutura. Vidal por Pereyra, Morata por Llorente, Evra por Coman. Mais jogadas aéreas, bolas paradas, imposição física. Luis Enrique tentou reter a bola com Xavi na vaga de Iniesta. Depois aumentou a estatura com Mathieu no lugar de Rakitic e incrementou o combate com Mascherano no meio. No final, poupou Suárez e colocou Pedro.
Final dura, indefinida. Um jogaço! Juve subiu a posse para 38%, finalizou mais nove vezes - cinco na direção da meta de Ter Stegen. Diminuiu as faltas, cometendo apenas mais nove. Mesmo com o cansaço, jogou e lutou com valentia, como digno finalista.
Tentou até o ataque derradeiro, levantando a bola na área do Barça no último minuto dos acréscimos. Mas o contragolpe iniciado por Messi passou por Pedro e encontrou Neymar.
ANDRÉ ROCHA - TACTICAL PAD
Juventus tentou o empate até o fim na imposição física, mas cansou. Barcelona se defendeu com Mascherano no meio e definiu no contragolpe derradeiro.
Juventus tentou o empate até o fim na imposição física, mas cansou. Barcelona se defendeu com Mascherano no meio e definiu no contragolpe derradeiro.
Dois parágrafos à parte: Neymar já é um dos melhores e maiores jogadores da história do futebol brasileiro. Campeão e artilheiro da Libertadores pelo Santos. Definiu o título e a artilharia da principal competição europeia com dez gols, junto com os extraterrestres Messi e Cristiano Ronaldo, batendo sem chances para Buffon.
Craque que aos 23 anos representa sozinho a imagem do país cinco vezes campeão mundial. Pelé teve Garrincha; Zico, Falcão; Romário, Bebeto; Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho, Kaká. Neymar, por enquanto, é protagonista solitário numa dura entressafra.
Se Messi é gênio, um dos melhores de todos os tempos e vai ganhar sua quinta Bola de Ouro, Neymar soube virar protagonista ao não se incomodar por ser coadjuvante.
Mais um craque de um time espetacular, com o jeito Luis Enrique. Poupou titulares, enfrentou tudo e todos. Não parece ser um grande amigo dos jogadores, mas foi um comandante firme e preciso. Reuniu os craques, manteve a essência da equipe, adicionou contragolpes, jogadas aéreas, segurança defensiva.
Consolidou uma equipe competitiva, completa. Campeã de tudo, que reina com a tríplice coroa. Histórica.