sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Guga revela capa de autobiografia, que será lançada na próxima quarta

tenis gustavo kuerten guga biografia livro (Foto: Reprodução / Instagram)Autobiografia de Guga será lançada no dia 10 de setembro (Foto: Reprodução / Instagram)
Por meio de uma postagem em sua conta no Instagram, Gustavo Kuerten revelou como é a capa de sua autobiografia, que será lançada no dia 10 de setembro, em evento na Livraria Cultura da Avenida Paulista, em São Paulo. O maior ídolo do tênis brasileiro informou que lhe tomou cinco anos o projeto de escrever o livro, chamado "Guga, Um Brasileiro" e que chega ao mercado pela Editora Sextante com o preço sugerido de R$ 39,90. O ex-número 1 do mundo dividiu com seus seguidores na rede social o sentimento de alegria com a concretização da obra.
- Gostaria de compartilhar a imensa felicidade em concretizar o projeto de cinco anos da minha autobiografia. Um livro que dediquei total empenho para tentar transmitir os sentimentos que vivi ao longo de toda a trajetória. Em cada palavra, ponto e vírgula, tem um pouquinho dessas emoções que tive o privilégio de experimentar e hoje consigo dividir os sabores com vocês! - postou Guga.
Guga conquistou 20 títulos de simples e oito de duplas na carreira profissional. Além dos dois títulos conquistados no Brasil Open, os mais marcantes foram o tricampeonato de Roland Garros (1997, 2000 e 2001) e a Masters Cup (atual ATP Finals) de 2000, triunfo que o elevou à liderança do ranking mundial ao final daquela temporada.
Confira um trecho do livro, divulgado pela Editora Sextante, que narra o jogo entre Guga e o russo Yevgeny Kafelnikov, nas quartas de final da edição de 1997 de Roland Garros:
“Estava tão tenso, tão dominado pelas emoções, tão apavorado que, se Kafelnikov devolvesse dentro, não me enxergava em condições de dar continuidade ao ponto. Caso a bola voltasse para o meu lado, já me via paralisado, sem ação, só observando minha ruína. Tudo bem que ainda podia ter mais jogo pela frente, mas, se eu já me sentia destruído naquele momento, de onde tiraria força para ir além?
O russo ficava me encarando com uma expressão provocativa, querendo dizer “Vai, cara, manda, você está tão nervoso que tá óbvio que não vai acertar”. Saquei na direita dele. Queria muito dizer que dei um ace fulminante. Mas não foi nada disso. Com o braço encolhido, o saque saiu muito lento, supostamente fácil para o russo. Só que demorou tanto para chegar que ele se atrapalhou e rebateu torto com o aro da raquete, isolando a bola uns três metros para fora da quadra. Por dentro, eu dava pulos de alegria. Empatei, 40/40.
Nessa hora, em mais uma legítima e arrebatadora esquizofrenia de tenista, saí do fundo do poço e fui direto para a estratosfera.
– Ganhei o jogo! Agora não tem mais jeito. O cara não aproveitou a chance dele e ele que se lasque. Este jogo é meu – decretei, os olhos cintilando, a convicção espantando as dúvidas e, com elas, todos os meus fantasmas e demônios.
A sensação da vitória era tão profunda que retomei o desempenho do primeiro set, um cara mirando no alvo e disparando em linha reta até acertar na mosca. Quando finalizei o game, ganhando a partida e concretizando o inimaginável, urrei como se tivesse conquistado o título. Ainda com adrenalina saindo pelos olhos, Rafa exultava, berrava, vibrava. Em lágrimas, Letícia, a namorada dele, quase esmagava meu irmão no abraço de comemoração. Larri estava eufórico e emocionado. A plateia foi ao delírio e aplaudia, sorrindo com o ar de satisfação de quem presencia um fenômeno raro, o cometa flamejante que só cruza o céu a cada duzentos anos.
Caramba, o que tinha sido aquilo? Depois de estar perdendo de 2 sets a 1, como é que eu havia mudado o roteiro da história? Como tinha sido possível ganhar do Kafelnikov, o número 3 do mundo?! Como aquele absurdo tinha acontecido? Apesar de ter sido o protagonista da história, naquela hora eu não tinha resposta para nenhuma das perguntas. Ainda mal acreditava que tinha vencido, que aquele carnaval na torcida era todo para mim. No entanto, era real. Eu tinha derrotado o monstro e a escalada da montanha continuava.
Eu estava na semifinal de Roland Garros."