Antes de questões técnicas ou táticas, precisamos refletir sobre o grau de profissionalismo exibido no futebol brasileiro. Exceto o Internacional, que já havia sido derrotado em casa pelo Ceará, São Paulo e Fluminense teriam que se esforçar muito para serem eliminados da Copa do Brasil.
E não é que conseguiram?
Sempre convém lembrar que uma partida de futebol possui dois lados. E que as surpresas, quando acontecem num torneio eliminatório como a Copa do Brasil, trazem com elas muitos problemas para quem perdeu.
É a graça do mata-mata. Desde que a derrota seja digna.
Alguém acredita, porém, que o Ceará, líder da série B, seja superior ao Internacional? Ou que o Bragantino, 18. colocado, tenha mais time que o São Paulo? E que o Fluminense, após vencer a partida de ida por 3 a 0, seria capaz de ser goleado em pleno Maracanã pelo América-RN (12. lugar.)? Esses pequenos clubes brasileiros podem não ser melhores, mas foram superiores nesta quarta-feira.
Foi a verdade da rodada, a verdade que mais uma vez, respeitando os times de pequena capacidade de investimento, renovou a energia do futebol, embora tenha escancarado o que o profissionalismo à brasileira tem de pior, a falta de respeito pelo próprio trabalho.
Fluminense e São Paulo foram a campo com aquela má vontade típica de quem apenas esperar o tempo passar, de quem não respeita o futebol. Exibiram a velha marra que menospreza e subestima o adversário. E o faz crescer, construir a vitória inesquecível. Quando se dão conta do problema, já era.
O futebol brasileiro não está pobre apenas porque taticamente o atraso é visível e tecnicamente mantém o torcedor em casa. A pobreza começa no vestiário, na arrogância que destrói o profissionalismo, principalmente dos clubes grandes.
Seria muito melhor se São Paulo e Fluminense tivessem entregado suas partidas, de verdade. Quem assistiu aos jogos percebeu, entretanto, que o problema é mais sério e profundo do que facilitar para o adversário ou não. Agora é tarde.
*** Os placares: Fluminense 2 x 5 América-RN (ida 0 x 3 Flu), São Paulo 1 x 3 Bragantino (ida 1 x 2 SP) e Ceará 3 x 1 Internacional (ida 1 x 2 Ceará).
