segunda-feira, 14 de julho de 2014

Em 20 meses, Felipão colheu intrigas com bancários, jogadores da seleção e dirigente da CBF

EUTERS
felipão seleção brasileira copa-2014
Felipão viveu algumas turbulências no tempo em que comandou a seleção brasileira
Os quase 20 meses de trabalho de Luiz Felipe Scolari tiveram poucas turbulências. Mas isso não quer dizer não viveu problemas no comando da seleção. Diego Costa, Louis van Gaal, Ronaldinho Gaúcho e bancários foram alguns dos obstáculos encontrado pelo treinador em seus relacionamentos como uma das pessoas mais importantes do futebol brasileiro.
O primeiro problema veio logo na apresentação, em novembro de 2012. Ao ser questionado sobre a pressão que os jogadores sentiriam ao disputar a Copa do Mundo no Brasil, conquistou o primeiro atrito: "Se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada."
Logo, surgiram cartas de repúdio contra a declaração do então novo técnico da seleção, que havia acabado de se apresentar para substituir Mano Menezes. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e o Banco do Brasil foi duramente criticado pelas duas entidades e teve de se livrar da crise com um pedido de desculpa.
Com a virada do ano, Scolari iniciou seu trabalho em campo e foi mal nos amistosos contra Inglaterra, Itália e Rússia. Até aí, Ronaldinho Gaúcho era o seu 'veterano' favorito, pois vivia boa fase no Atlético-MG como um dos destaques na Libertadores.
Mas, em uma versão não confirmada oficialmente, Ronaldinho teria chegado atrasado à apresentação do time para o amistoso contra o Chile, em abril de 2013. Seria o último antes da Copa das Confederações e também foi o último do craque. Felipão jamais assumiu que a rejeição a Ronaldinho teria acontecido por causa do atraso de 25 minutos.
Outro jogador rejeitado por Felipão foi Diego Costa. Mas não ficou barato. O técnico pretendia convocá-lo para a Copa do Mundo, mas o centroavante optou por defender a seleção espanhola.
O técnico reagiu e gravou um vídeo desconvocando Diego Costa e afirmou que um jogador que não quer jogar a Copa do Mundo por seu país e em seu país não merece vestir a camisa da seleção. Diego Costa rebateu e, posteriormente, o pai do jogador o defendeu, dizendo que ele jamais teve a confiança de que o atacante do Atlético de Madri seria mesmo convocado para o Mundial.
"Felipão tinha interesse em Diego na seleção? Eu já estava sabendo que ele estava fora da Copa", disse. "Depois que teve a convocação da Copa das Confederações, o Felipão esqueceu dele. Nessa época, o Fred e o Hulk ficaram fora, mas o Felipão nem lembrou", disse o pai do jogador em junho deste ano.
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Felipão deixa o gramado do Mineirão após 7 a 1
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Copa do Mundo
A convocação para a Copa do Mundo também representou atritos para Felipão. A ausência de Filipe Luís e Miranda, que fizeram grande campanha pelo Atlético de Madri, foram as maiores citações. O lateral chegou até a falar que o "critério de Felipão é não ter critério" e que os jogadores não são convocados por "merecimento e sim porque a lista é baseada na preferência do treinador".
Após a Copa do Mundo começar, Felipão teve um problema para lidar logo na estreia. O pênalti sofrido por Fred fez a imprensa nacional e internacional se revoltar, achando que o anfitrião estava sendo beneficiado. A defesa do técnico foi apenas opinar e dizer que a arbitragem acertou no lance.
Mesmo assim, a arbitragem passou a ser questionada por Felipão. Em especial no jogo contra o Chile pelas oitavas de final. O treinador brasileiro reclamou da marcação de um impedimento no lance em que Hulk marcaria o segundo gol e também de um pênalti sofrido por Hulk. Até na disputa de 3º lugar, Felipão criticou a arbitragem por causa de um pênalti mal marcado para a Holanda e um impedimento não assinalado e que culminou com o segundo gol. "O primeiro pênalti do Fred está refletindo até hoje."
Classificado para as quartas de final, Felipão ganhou novo motivo para a antipatia dos críticos ao se reunir com alguns jornalistas para debater a seleção brasileira. Como surgiram algumas queixas, o técnico do penta tornou a se defender com uma frase nada agradável. "Sempre fiz isso. Se eu não puder fazer as coisas que gosto, se tenho que ser pautado pra fazer A ou B, não adianta, eu vou fazer. Gostou, gostou. Não gostou, vai para o inferno."
Durante a Copa, Felipão também viveu alfinetadas com o comandante da Holanda, Louis van Gaal. O técnico da seleção laranja começou o empate ao falar que o Brasil teria a chance de escolher o adversário nas oitavas de final. Felipão não gostou e rebateu: "Para quem fala isso, eu falo só uma coisa: ou as pessoas são burras ou mal intencionadas." Posteriormente, a situação foi amenizada até o encontro entre os dois na disputa de 3º lugar.
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Queda no Mundial
A eliminação do Brasil também trouxe novos inimigos para Felipão. O primeiro a aparecer foi Wagner Ribeiro, empresário de Neymar. Em uma publicação em uma rede social, ele fez uma insinuação ao técnico, chamando-o de 'velho babaca e asqueroso'. Felipão não respondeu, mas teve o apoio da Federação dos Treinadores, que ofereceu assistência jurídica para processar o agente.
Outro algoz do técnico foi Delfim Peixoto, ex-presidente da Federação Catarinense de Futebol e vice-presidente eleito da CBF. Ele afirmou, em entrevista ao ESPN.com.br, que o técnico não voltaria nunca mais ao cargo de técnico da seleção. "Felipão foi teimoso demais. Em todos os momentos. Desde a convocação até o esquema tático escolhido. Tudo errado. Não quero nem falar sobre isso, para não falar bobagem."
Felipão rebateu o dirigente no mesmo dia. "Por que vou responder o Delfim? Que o único título de Santa Catarina quem deu fui eu, com o Criciúma. Ele tem que ajoelhar e pedir bênção a mim. Pelo amor de Deus, não ganharam nada, nunca", disse em uma entrevista coletiva com todos os integrantes da comissão técnica da seleção.
A história da Copa das Copas contada em 2 minutos e 275 fotos