Dunga não foi oficializado como novo técnico da seleção brasileira. Mas seu nome ganhou força. E depois de Gilmar Rinaldi, um empresário de jogadores até então, assumir o comando dos times cebeefianos como dirigente, nada será surpresa. Nem mesmo a volta do treinador derrotado em 2010 agarrado a Kleberson, Grafite e Júlio Baptista.
O trabalho feito por Dunga na Copa da África do Sul não foi desastroso como o de Luiz Felipe Scolari no Mundial do Brasil. Mas convenhamos, não pode ser esse o parâmetro. A opção pelo "menos ruim" não aponta um bom caminho para o futebol brasileiro, pelo contrário. Voltaremos ao discurso de 2006?
Após a derrota para a França no Mundial realizado na Alemanha, a conclusão quase geral era a de que o time dirigido por Carlos Alberto Parreira não se dedicava como seria o ideal. Ainda assim ele retornou à seleção apenas seis anos depois, como coordenador. Com Dunga poderá acontecer o mesmo.
O capitão do tetra em 1994 jamais havia sido técnico na vida. Assumiu justamente com a missão de resgatar o amor à "amarelinha", mas isso se mostrou pouco para as pretensões brasileiras, que em certames de futebol sempre são as maiores, o título. Acertou e errou. Ficou pelo caminho. Depois disso, nada de positivo fez em quatro anos.
Desde que a CBF o descartou, em 2010, Dunga comandou o Internacional em 53 partidas (26 vitórias, 18 empates e 9 derrotas, aproveitamento de quase 60%) entre janeiro e outubro de 2013, quando foi demitido após uma derrota para o Vasco, em Macaé (RJ). Como treinador, não mostrou evolução desde que a CBF o despachou.
A volta de seu nome à pauta tem todo jeito de nova campanha de marketing mambembe para iludir torcida e imprensa. Como os retornos de Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira em 2012. A dupla foi resgatada com o status de "técnicos campeões do mundo pelo Brasil". Dunga pode reaparecer como "a volta do injustiçado".
Sim, ele seria o injustiçado, e não pelos atuais dirigentes, pois quem o contratou (ou seria inventou?) e demitiu foi Ricardo Teixeira. Aspectos técnicos, trabalhos recentes, nada disso seria considerado. Mais: a simples lembrança do nome de Dunga escancara a pífia fase dos técnicos brasileiros. Ainda assim há gente mais preparada no mercado.
Abel Braga, Tite, Cuca, Marcelo Oliveira e Muricy Ramalho foram campeões brasileiros e da Libertadores depois da saída de Dunga da seleção. Podem não ser os treinadores dos sonhos, mas têm mais currículo, experiência e trabalhos recentes apresentados. Qualquer um deles não seria tão absurdo como a volta do técnico da Copa 2010.
Mas se observamos Dunga como um progressso utilizando como paralelo o pífio trabalho de Scolari e Parreira na Copa 2014, até parecerá bom. Para quem está desesperado, faminto, qualquer gororoba será um banquete. Mas essa "fome" não pode nos fazer esquecer que o futebol brasileiro precisa de mais. Muito mais.
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