sexta-feira, 14 de março de 2014

Grupo de elite vai investigar elo entre fraude em banco e caso Lusa

Gazeta Press
Manuel da Lupa, presidente da Portuguesa, chega ao STJD para o julgamento que pode confirmar a queda ou salvar o time da Série B
Manuel da Lupa, ex-presidente da Portuguesa
O Ministério Público do Estado de São Paulo decidiu repassar as investigações da relação entre a Portuguesa e o banco Banif para o Gaeco - Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado -, informou nesta sexta-feira o promotor de justiça do consumidor Roberto Senise. O MP tenta entender se existe relação entre as dívidas contraídas com o Banif e a escalação irregular de Héverton na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, o que acarretou no rebaixamento da Lusa nos tribunais à Série B.

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À parte a questão do Banif, o MP vai continuar a investigar o que aconteceu nesta edição da competição, com a ajuda do Gaeco. Vale lembrar que anteriormente um crime já havia sido identificado pelo promotor.

O MP tem indícios de que o Banif fazia depósitos casados a inúmeras empresas e também à Portuguesa, causando um prejuízo de R$ 600 milhões ao banco e/ou ao sistema financeiro brasileiro.
Segundo o MP, desde 2005, o então presidente Manoel da Lupa e seu vice, primeiro Roberto Cordeiro depois Luiz Iaúca, recebiam créditos do banco de forma casada quando havia alguma necessidade de pegar empréstimo para o clube, que por conta de dívidas não podia pegar empréstimos por conta própria. Cada dirigente receberia metade do valor.

"Quando o Manoel da Lupa assumiu em 2005, ele se deparou com uma grave crise financeira do clubes, com uma série de dívidas, de órbita trabalhistas. Foi então acordado que a Portuguesa, que não tinha crédito na praça e não conseguia empréstimo com ninguém, pudesse vir a obter crédito da seguinte forma: o clube que já tinha conta no Banif passaria a ter cheque especial de R$ 300 mil. Para pagar os fornecedores e outras dívidas, o clube precisaria contrair empréstimos. Como o clube não podia contrair por causa dos outros problemas, isso seria feito por meio de duas pessoas físicas", afirmou o promotor Roberto Senise.
"O Banif realizou, então, essa operação casada. O banco passava mês a mês um certo valor, de acordo com as despesas do clube. Esse dinheiro era depositado na conta do presidente e do vice. As operações eram feitas de formas alinhadas. Se a Portuguesa precisasse se um milhão, por exemplo, seria feito um empréstimo. Metade na conta do presidente, metade na do vice", explicou o promotor Roberto Senise.
Até o ano passado, de acordo com o promotor, isso acontecia de forma alinhada, com o dinheiro sendo repassado à Portuguesa. A partir de setembro de 2013, o conselho fiscal do clube começou a verificar uma mudança de procedimento, e Da Lupa foi impedido de fazer qualquer empréstimo em nome da Lusa.
Investiga-se se o ex-presidente teria aceitado dinheiro para pagar as dívidas com o Banif em troca da escalação irregular de Héverton e do consequente rebaixamento do time paulista à Série B do Brasileirão. Há indícios de que houve pagamento de suborno por pessoas de fora do clube durante a disputa da competição.
Senise pediu ao Coaf - Conselho de Controle de Atividades Financeiras - a movimentação bancária de pelo menos 12 pessoas da Portuguesa que estariam envolvidas nesse caso e já teve algumas respostas que apresentaram transferências maiores do que R$ 100 mil. Ele não quis divulgar o nome dos donos das contas para para preservá-los. O promotor espera os extratos para saber quando as movimentações foram feitas e o valor exato delas.
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