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Brasil sorteado na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul - o sorteio é melhor que a maioria dos jogos
Brasil sorteado na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul - o sorteio é melhor que a maioria dos jogos
Caros leitores, perdoem-me pela excessiva sinceridade, mas algo precisa ser dito antes de qualquer outra coisa:
O sorteio dos grupos da Copa é muito mais legal do que mais da metade dos jogos da Copa. Sendo muito bondoso com as partidas.
Para quem torce por esta ou aquela seleção, o sorteio é a agonia de torcer pelo não. Vejamos o caso da torcida brasileira, porque é de longe o que conheço melhor. Mas o mesmo acontece na Argentina, na Alemanha, na Argélia ou no Irã.
Para o torcedor (seja brasileiro ou não, isso é apenas um exemplo), o sorteio de sexta-feira é uma torcida, sobretudo, para que o não pode acontecer.
Que a França não caia no grupo; que aquele africano tipo Nigéria ou Costa do Marfim não apareça por aqui, que a Alemanha ou a Argentina não sejam o B1 porque vai saber o que acontece nas oitavas, que o Pelé nem encoste nas bolinhas, que nenhum chef erre a receita e coloque a Holanda onde ela não devia estar.
Como um não-torcedor de nenhuma das seleções do Mundial - nem contra nem a favor, que fique claro - costumo passar o sorteio esperando pelos presentes que ele pode proporcionar.
Presentes como os sete que listo abaixo:
1) O duelo de gigantes
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Messi e Ronaldo: os dois melhores do mundo precisam medir forças no maior palco do futebol
Messi e Ronaldo: os dois melhores do mundo precisam medir forças no grande palco do futebol

Lionel Messi ganhou a Bola de Ouro nos últimos quatro anos. Cristiano Ronaldo possivelmente levará a deste ano. Ambos protagonizam o grande duelo do futebol mundial, um faz o outro mais forte, mais ambicioso. Argentina e Portugal no mesmo grupo? Por que não? Seria a chance de ver Messi x Ronaldo em uma Copa do Mundo. Claro que seria melhor um duelo assim nas oitavas, nas quartas de final... Mas e se algum deles for eliminado antes? Que aconteça logo na primeira data possível.
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Andrés Escobar, da Colômbia, foi assassinado dias após a Copa de 1994
Andrés Escobar foi assassinado dias após a Copa de 1994
2) Um jogo para Escobar
Um dos episódios mais trágicos das Copas do Mundo aconteceu em 1994. Dez dias depois de fazer um gol contra da Colômbia na derrota por 2 a 1 para os Estados Unidos, o zagueiro Andrés Escobar morreu assassinado em seu país. Um novo duelo entre Colômbia e Estados Unidos, com duas belas gerações de jogadores, poderia ser a oportunidade perfeita para lembrar a triste história do jogador.
3) A vingança alemã
A Alemanha é a seleção que mais vezes chegou a semifinais em Copas do Mundo - foram 12 vezes, incluindo as últimas três. A última vez que os germânicos ficaram fora foi em 1998, quando perderam para a Croácia nas quartas de final. Foram humilhantes 3 a 0. Os croatas, naquela seleção de Boban e Suker, ainda deram canseira na França durante a semifinal. Depois de 16 anos, a nova geração alemã bem que poderia cruzar com a Croácia de novo. Seria uma grande história.
4) Contra a segregaçãoA França atravessa um período delicado politicamente, com o crescimento da extrema direita, motivado entre outras coisas por um discurso de segregação e xenofobia. Neste cenário, um duelo entre França e Argélia na primeira fase seria interessante para expor esta questão diante do mundo. Vale lembrar que Zinedine Zidane, herói do único título mundial francês, é filho de argelinos. Nasri e Benzema, destaques da atual seleção, também.
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O Mineirão, palco de mais um Inglaterra x EUA em Copa?
O Mineirão, palco de mais um Inglaterra x EUA em Copa?
5) A zebra revisitadaMuita gente acha que a maior zebra da Copa do Mundo de 1950, a primeira realizada no Brasil, foi o título do Uruguai contra a seleção dona da casa. Nem de perto. A grande surpresa daquele Mundial aconteceu no Estádio Independência, em Belo Horizonte, e foi a vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra - que fazia sua estreia em Copas - por 1 a 0. Um novo Inglaterra x Estados Unidos na primeira fase não seria má ideia. Se for em Belo Horizonte, então...
6) A segunda chance da campeãAté conquistar o título mundial em 2010, a Espanha era conhecida como uma seleção que "amarelava" nos momentos decisivos. Mas, em 2002, diante da Coreia do Sul, foi diferente. A eliminação teve - além da tradicional atuação abaixo da média - uma arbitragem desastrada, no mínimo. Agora campeã do mundo, a Espanha pode rever a protagonista de sua maior decepção em mundiais. E, quem sabe, mostrar que aquela zebra não se repetirá.
7) Uma abertura grandiosaSão Paulo, 12 de junho de 2014. O Brasil abrirá a Copa contra um adversário que hoje tem um nome curto, de uma letra e um número: A2. Um rival que pode ser Bósnia, Argélia, Costa Rica ou Honduras. Mas que também pode ser Itália, Inglaterra, França, Portugal ou Holanda. O primeiro jogo da Copa, aquele que todos esperaram por quatro anos, tem o direito de ser um duelo grandioso. Para ligar rapidamente os pontos entre Port Elizabeth e Itaquera, o rival só pode ser um: a Holanda.