quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Técnico o Flamengo faz em casa: Jayme de Almeida supera 'medalhões' e conduz Fla ao título

Gazeta Press
O técnico Jayme de Almeyda viu evolução no Flamengo
Jayme de Almeida: campeão pelo Flamengo como jogador e, agora, na trilha de Carlinhos e Andrade, como técnico
Jayme de Almeida, o Filho. Voz serena, tom suave. Comando firme para tirar o Flamengo da tempestade e levá-lo à bonança. Diz ele que prefere se emocionar do que viver a vida em preto e branco. Claro. Seu coração bate em preto e vermelho. Coisas de quem conhece a Gávea. Emotivo, amigo de Zico e sessentão, ele entrou para galeria exclusiva do clube: campeão como jogador, campeão como treinador. Conta o ditado que craque o Flamengo faz em casa. Técnico, pelo visto, também.
A consagração no Maracanã diante do Atlético-PR não é a primeira conquista como treinador. Em 1994, na Deportiva Ferroviária, foi campeão capixaba. Mas, claro, ver o Maracanã explodir, uníssono, ao cantar o seu nome tem significado mais do que especial. De simplicidade ímpar no meio recheado de professores e doutores trajados de ternos, Jayme usa agasalho do time, fala simples. E abusa da sinceridade.
"Quando o Mano saiu, quem acompanha o Flamengo sabe. Parecia que ia desmontar tudo", disse após vencer o Corinthians, pelo Brasileiro.
Não desmontou. Muito graças a ele. Jayme conhece o linguajar boleiro. Melhor, conhece a cabeça do boleiro. Sem rodeios, definiu seus titulares e foi em frente. Mistério em escalações? Raramente. Apenas dúvidas em casos de lesões. E o time ganhou confiança. Paulinho, antes inconstante, virou peça-chave. Luiz Antonio se firmou como volante. Amaral se tornou o cão-de-guarda ideal para encarnar o espírito rubro-negro em frente à zaga com um Wallace em grande forma.
Em casa, o Flamengo se tornou imbatível no Maracanã ensurdecedor. E de bobo Jayme não tem nada. É daqueles que poupa a voz na área técnica para comentar os ajustes no intervalo. Ali, ele garante, o jogador vai ouvi-lo. Parece mesmo ter dado certo. Em 21 jogos, foram dez vitórias, seis empates e quatro derrotas. O rebaixamento ficou longe. A Libertadores, perto. E a Copa do Brasil se tornou realidade.
Filho de ex-zagueiro e técnico homônimo nas décadas de 40 e 50, Jayme pôs por terra a ideia da diretoria de manter um medalhão à frente do comando do time. Dorival Júnior, Jorginho e o badalado Mano Menezes. Nenhum se firmou. Jayme conseguiu. Acompanhado de perto pela família a cada jogo no Maracanã, ele chorou abraçado ao neto, Breno, após a goleada sobre o Botafogo. Sujeito boa-praça, o Jayme. Trilhou o caminho de Carlinhos e Andrade. Das raízes do clube para a história. Campeão do Brasil.