domingo, 9 de junho de 2013

Remendo

A quinta rodada do Brasileirão acontece hoje desfalcada de 22 jogadores de seleções nacionais (*).
Onze estão com Felipão em Porto Alegre, para o amistoso contra a França. Outros 11 espalhados por seleções envolvidas nas eliminatórias.
O Brasileirão tem 20 clubes, cada um com 11 titulares, 220 escalados por rodada. Os 22 desfalques são 10%!
No mundo inteiro, quando seleção joga, clube não entra em campo e vice-versa. No Brasil, não. É grave, mas não é o único problema.
Marco Polo Del Nero é hoje mais do que presidente da Federação Paulista. É vice-presidente e candidato à presidência da CBF. Nos últimos meses, há diversos relatos de quem se aproximou dele com conversas sobre calendário.
Del Nero é sempre receptivo. Lê emails, ouve sugestões, responde...
É pouco!
Na quinta-feira, Del Nero contou que os estaduais terão duas datas a menos no ano que vem. Em vez de 23 jogos para ser campeão, serão 21. Trata-se de um remendo para acomodar o congestionamento ampliado pela Copa do Mundo. O paliativo vai piorar os já insípidos estaduais sem resolver a questão.
O Paulistão-2014 terá 20 clubes em um turno só, de pontos corridos. Depois, semifinal e final em jogo único. Uma maratona sem graça no começo e uma corrida de cem metros para decidir o campeão em 9 segundos.
"Antigamente, havia 38 datas nos estaduais, mais de 30 no Brasileirão e era possível fazer. Hoje, cresceram a Libertadores e a Copa Sul-Americana. Precisamos estudar como e se é possível melhorar o calendário", diz Del Nero.
O diagnóstico está errado. Há 30 anos, o Corinthians disputou 48 partidas para ser campeão paulista, o Flamengo jogou 26 vezes para ganhar o Brasileiro e o Grêmio precisou de dez jogos para vencer a Libertadores. Se alguém quisesse ganhar os três torneios, jogaria 84 vezes. O número hoje é de 75 jogos.
Naquele ano de 1983, o São Paulo jogou terça, sexta e domingo na mesma semana para compartilhar Paulistão e Libertadores. A solução passa longe de olhar para o passado e pensar que dava certo. Não dava.
"Calendário do futebol é assunto que pode dar até homicídio", afirma um especialista da CBF. Ou se mete a faca nos interesses das federações estaduais ou o Brasil perde o bonde da história.
Duro é precisar dessa solução com os presidenciáveis conciliando os calendários do futebol e das eleições da CBF.


(*) Bernard, Rever, Jô (Atlético-MG), Jefferson, Lodeiro (Botafogo), Paulinho, Guerrero (Corinthians), Marcos González, Marcelo Moreno (Flamengo), Diego Cavalieri, Fred, Jean, Valencia (Fluminense), Fernando, Vargas (Grêmio), Leandro Damião, Forlán (Inter), Ramírez (Ponte Preta), Montillo (Santos), Jádson (São Paulo), Yotún (Vasco) e Viscarra (Vitória).