terça-feira, 9 de abril de 2013

O inexplicado hospital do tricolor carioca

Um amigo que, tempos atrás, num rasgo de exagero, definiu o Fluminense como “o maior hospital da América do Sul”, telefona para recomendar que eu não deixe de ler a matéria de Marcos Penido no “Globo” de terça-feira, 9 de abril. Se não a matéria toda, ao menos o trecho que começa com esta informação: “O médico teve muito trabalho ontem. O departamento médico do clube estava cheio”. E segue a lista de jogadores entregues ao atarefado doutor: Thiago Neves, Wellington Nem, Bruno, Diguinho, Fred, Valencia, Rhayner e Carlinhos. Ao todo, oito, sem contar com Deco, que deixou o treino queixando-se de dores na coxa direita, e Marco Júnior, outro que vem desfalcando o combalido elenco de Abel Braga.

Realmente é impressionante o trabalho que tem o departamento médico do Fluminense. Isso desde os tempos da campanha pelo título brasileiro de 2012. Naquela ocasião, Deco e Fred eram os mais assíduos freqüentadores do hospital de que fala o amigo. Hoje, outros “habitués” tem se juntado a eles. Há veteranos, como Deco, mas há também garotos dos quais é justo esperar músculos e nervos mais saudáveis. Nem, por exemplo. E o mesmo Marco Júnior.

Como explicar que o Fluminense raramente mande a campo o seu time titular, isso, pelo menos, nos três últimos anos? Abel já recorreu a diferentes formações nas duas competições em disputa, o Estadual e a Libertadores. E chega à fase decisiva de ambas não só sem seu principal jogador, Fred, mas sem outros titulares. Fato que torna bastante improvável que o Fluminense se saia bem nas duas ou mesmo em uma delas. E como estará para a maratona do Brasileiro?

Outro amigo, este menos inconformado com a má saúde tricolor, lembra que as contusões são um problema crônico do futebol brasileiro. Segundo ele, em parte pelo mau calendário que nossos times tem de cumprir, em parte porque o preparo físico dos jogadores, alem de não estar em dia com os mais modernos métodos de treinamento, não é adequado à sequência de jogos a que estão obrigados.

Nessa não me meto. Nada entendo de preparo físico. Também não fiz um levantamento de quantas baixas cada clube brasileiro tem sofrido, a ponto de considerar que o problema, como sugere o segundo amigo, seja mesmo crônico,. Mas não há dúvida de que o Fluminense é o recordista em matéria de desfalques. Pode não ser o maior hospital da América do Sul, mas certamente, por ter seu departamento médico quase sempre cheio, seria de se esperar, de seus doutores e preparadores físicos, ao menos uma explicação.