terça-feira, 19 de março de 2013

Finalistas pela 9ª vez consecutiva, Sollys e Unilever concentram 70% das melhores jogadoras da Superliga


Unilever, de Natália e Fofão, vai enfrentar Sollys, de Sheilla e Jaqueline, pela nona vez consecutiva na decisão
Unilever, de Natália e Fofão, vai enfrentar Sollys, de Sheilla e Jaqueline, pela nona vez consecutiva na decisão
Há nove anos, a decisão da Superliga feminina não tem nenhuma novidade. Desde 2004, Osasco e Rio de Janeiro são os únicos que conseguem chegar à final e disputar o título da principal competição do vôlei nacional. Mas isso não costuma ser por acaso. Enquanto as outras equipes têm apenas um ou outro destaque dentro de quadra, Sollys/Nestlé e Unilever concentram, literalmente, a 'nata' do esporte, tornando a disputa com os adversários algo consideravelmente desigual.

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Olhando para o ranking criado pela CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) que elenca as melhores jogadoras da Superliga, é fácil perceber por que Sollys e Unilever estão em mais uma final juntos. Das 17 jogadoras mais bem ranqueadas pela entidade, nada menos do que 12 estão divididas entre Osasco e Rio de Janeiro. E a divisão, nesse caso, é completamente igualitária entre os dois: seis das melhores atletas estão no Sollys/Nestlé, enquanto outras seis vestem a camisa da Unilever.

São elas: Jaqueline, Sheilla, Thaísa, Adenízia, Fabíola e Fernanda Garay do lado paulista, e Natália, Fofão, Regiane, Valeskinha, Fabi e Juciely do lado carioca. Fora essas, sobram outras cinco jogadoras entre as melhores do ranking da CBV e, essas sim, estão divididas entre outras três equipes. Fabiana, Dani Lins e Sassá jogam pelo Sesi (semifinalista nesta temporada), Walewska joga pelo Vôlei Amil (também semifinalista) e Herrera veste a camisa do Praia Clube (que caiu nas quartas). 

Além desses cinco times, restam outros cinco na Superliga que não têm sequer uma jogadora entre as 'top' da competição e, por conta disso, dificilmente conseguem ir além da primeira fase ou, no máximo, das quartas de final. Assim, as semifinalistas até mudam de vez em quando de uma temporada para outra, mas nos últimos nove anos, nenhuma dessas equipes conseguiu impedir que a mesma final se repetisse ano após ano.

Esse cenário de desequilíbrio técnico, porém, tem muito a ver com o desequilíbrio econômico das equipes da Superliga. Enquanto o Sollys/Nestlé é o que tem o maior investimento, a Unilever vem logo atrás, seguido por Sesi e Vôlei Amil que, em termos de recurso, destoam muito das outras equipes que disputam o torneio. Por conta disso, torna-se cada vez mais difícil 'equilibrar' a principal competição do vôlei nacional e evitar que a mesma briga por título se repita sempre.
ESPN.com.br
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A CBV tenta  minimizar essa questão justamente com o ranking de jogadoras, que estabelece uma pontuação (de 1 a 7) para cada uma delas e tenta limitar a força dos times. De acordo com esse sistema, cada equipe pode ter, no máximo, três atletas com pontuação máxima (7) e, somando todo o elenco, pode chegar apenas a 32 pontos. 

Mas esse ranqueamento ainda tem algumas exceções. Uma jogadora de pontuação 7 que foi formada na base  do mesmo clube em que joga atualmente e permaneceu nele fica isenta do ranking e não conta na soma de pontos de sua equipe. É o caso de Adenízia, por exemplo, que foi formada no Sollys e tem pontuação 6, mas por ter sido da base do mesmo clube onde joga atualmente, não é levada em consideração nos 32 pontos máximos que a equipe pode ter na competição. 

E é justamente esse sistema de ranqueamento que tem gerado questionamentos entre os times da Superliga feminina. Na última semana, o técnico do Vôlei Amil, José Roberto Guimarães, foi o principal 'porta-voz' desta  reclamação ao dizer, após a eliminação para o Sollys/Nestlé na semifinal, que estava jogando contra uma "seleção nacional" e pedindo para a Confederação rever o sistema de pontos que não estava evitando o desequilíbrio na competição. Depois, Bernardinho, comandante da Unilever, foi mais cauteloso, mas também disse que teria de  enfrentar toda uma "seleção" na final da Superliga e endossou os comentários do treinador da equipe de Campinas.

De qualquer forma, pelo menos de acordo com o ranqueamento para a temporada 2012/2013, o equilíbrio entre os finalistas  existe. Osasco e Rio de Janeiro têm as melhores jogadoras desta Superliga e, na primeira fase, já travaram uma briga bem acirrada pela liderança da competição - que acabou ficando com a Unilever. Chegando à mais uma decisão, as duas equipes terão um único jogo para provar 'quem é melhor' nos detalhes e, enquanto isso, a CBV já começa a pensar em inovações para o ranqueamento na tentativa de minimizar o desequilíbrio que ainda existe e é grande na Superliga feminina.

Veja o ranking atual das atletas mais bem pontuadas pela CBV:

Jogadoras com 7 pontos
Fabiana (Sesi)
Fofão (Unilever)
Jaqueline (Sollys)
Natália (Unilever)
Sheilla (Sollys)
Thaisa (Sollys)
Walewska (Vôlei Amil)

Jogadoras com 6 pontos
Adenizia (Sollys)
Dani Lins (Sesi)
Fabíola (Sollys)
Regiane (Unilever)
Valeskinha (Unilever)
Sassá (Sesi)
Herrera (Praia Clube)
Fabi (Unilever)
Garay (Sollys)
Juciely (Unilever)