quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Fla muda de mãos. O desejo da torcida foi uma ordem. "Abramovichs'" não compram a paixão

Patrícia Amorim recebeu o Flamengo campeão brasileiro e com um bom time. Deixa a presidência após três tenebrosos anos que tiveram o pior momento quando Zico, maior ídolo do clube, foi embora, e da maneira que tudo aconteceu. Não sei se o novo presidente Eduardo Bandeira de Mello e aqueles que o apóiam serão melhores. Ao mesmo tempo sei que será difícil serem piores. Esse pessoal ao chegar terá que "caprichar" muito para "superar" seus antecessores.

Claro que alguns pontos positivos existem na administração que se encerra. Os avanços no Centro de Treinamentos, por exemplo. Mas com apoio de uma empresa privada, diga-se de passagem. O Fluminense não tem um mecenas personificado como o Chelsea e o seu Roman Abramovich, mas conta com um patrocínio que vai além do convencional. O Palmeiras foi mais ou menos assim com a Parmalat. E o campeão brasileiro alcança resultados indiscutíveis. Já o seu maior rival...

Muitos criticam o modelo do campeão brasileiro, que realmente é questionável ao extremo e cria uma dependência perigosíssima. Mas nada é pior do que uma administração ruim que não explora o potencial de um clube poderoso e apenas o afunda. Os rubro-negros sentem o que é isso na pele. Se você conversa com torcedores do Chelsea aqui em Londres, eles em geral não reclamam de Abramovich, tampouco apóiam todas as decisões do russo.

A contração de Rafael Benítez é o maior exemplo disso. O espanhol que foi algoz dos Blues quando treinava o Liverpool é detestado pela torcida do campeão europeu, que exige sua saída. E então, dane-se o que pensa o russo endinheirado. Fica claro que o milionário que veio de Moscou é o detentor das ações, mas não é nem jamais será dono do Chelsea. Se ele for embora, o clube e seus torcedores continuarão aqui, em Stamford Bridge.

Segundo as casas de apostas, Rafa Benítez é o segundo mais cotado a ser demitido no futebol inglês

O mesmo vale para o Fluminense e para qualquer outro time de futebol que receba enormes injeções financeiras, mas que tenham suas histórias e fiéis seguidores. O Milan de Silvio Berlusconi confirma a tese. O magnata italiano diminui os aportes de euros, mas nem por isso os rossoneros vão acabar. E nem se ele sair fora o time sete vezes campeão da Europa sumirá do mapa, pois tem história, torcida, títulos, peso. Pode passar por dificuldades, mas seguirá.

O Flamengo ainda não acabou pelos mesmos motivos. Apesar de dirigentes comprovadamente incapazes de corresponder às expectativas da torcida. Como resistiu, ou melhor, renasceu o pequeno Wimbledon, daqui de Londres, cuja história, belíssima, foi manchete dos jornais da segunda-feira e está em nosso blog - clique aqui para ler. O dinheiro permite a alguém obter o direito de administrar um clube, mas não consegue comprar a paixão de seus torcedores, sua história. E sem isso o futebol nada seria.

A torcida do Fla em sua maioria não votou. Mas desta vez ficou claro que seu desejo foi uma ordem.

Veja a reportagem EXCLUSIVA sobre a presidenta Patrícia Amorim que fo