sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Atuação infeliz de Thiago Neves relativiza análise da seleção brasileira em New Jersey

Com algum esforço, é possível compreender a convocação de Thiago Neves - campeão brasileiro, ainda que longe da melhor fase da carreira. Mais um pouco de tolerância permite a leitura da titularidade do meia-atacante no amistoso em New Jersey: canhoto e incisivo, na teoria, como Hulk para completar o quarteto ofensivo.

Impossível de entender foi Mano Menezes manter o camisa 20 por exatos 73 minutos e ainda segurar a troca após o belo gol de Neymar em jogada individual que empatou o jogo, milésimo da seleção cinco vezes campeã mundial pelas contas da CBF.

Porque Thiago Neves simplesmente errou tudo que tentou. Todas as decisões nas jogadas. Passes, desarmes, posicionamento, deslocamentos, lançamentos. Tudo. Sem exageros. E nenhuma perseguição ao jogador, que tentou ao menos se dedicar taticamente. Menos ainda ao treinador. 

Mas foi uma escolha infeliz que relativiza a análise da atuação da seleção brasileira no 1 a 1 com a boa Colômbia do ótimo James Rodríguez, de Valencia, também do Fluminense, improvisado na lateral-direita, do Falcao bem marcado por Thiago Silva...e Cuadrado. 

O meia pela direita no 4-1-4-1 armado por Pekerman para encaixar a marcação sobre o 4-2-3-1 brasileiro aproveitou a lentidão do improvisado Leandro Castán e a noite trágica de Thiago Neves, que alternou com Kaká pela esquerda, para se impor no setor. O jogador da Fiorentina venceu a maioria dos duelos e foi às redes em chute cruzado no primeiro tempo.

Kaká, Oscar e Neymar ficaram sobrecarregados pela boa marcação colombiana, mas também por conta do desempenho constrangedor do companheiro de ataque. Kaká confirmou a evolução, ao menos no primeiro tempo, com boas arrancadas, sintonia com os companheiros e um chute no travessão. 

Paulinho marcou e saiu para o jogo com a correção habitual. Melhor que Ramires, condutor de bola, mas ainda com problemas no passe.

Daniel Alves, em tese o lateral apoiador, teve problemas no confronto com James Rodríguez e só apareceu no centro preciso para Neymar cabecear em cima do goleiro Ospina e no pênalti que o árbitro viu no desarme limpo de Armero e a Joia santista isolou.

Lucas novamente pouco produziu e foi disperso taticamente nos poucos minutos em campo. Brilha no São Paulo e deve evoluir no PSG. Mas por ora é difícil imaginá-lo como titular no time de Mano Menezes. Ainda assim, podia ter entrado ao menos após o intervalo.

Na lateral-esquerda, a improvisação deixa claro que Marcelo é titular absoluto. Falta, porém, um reserva da confiança do treinador. Coordenando o trabalho de volantes e laterais, além da cobertura dos zagueiros, é possível investir em qualidade atrás sem comprometer a retaguarda.

Mesmo com todas as ressalvas e o gramado prejudicado, o amistoso foi de bom nível, competitivo. Marcações adiantadas, pressionando a saída de bola. Intensidade e técnica. A dinâmica sem centroavante de ofício e Neymar solto na frente pode ser mais testada. A Colômbia seguirá forte nas Eliminatórias e deve vir ao Brasil em 2014.

Valeu como teste, mais forte que o Japão. Mas é melhor esperar por Hulk ou um fato novo no ataque – Fred, Willian (Shakhtar Donestk), Wellington Nem, Bernard... Quem sabe Thiago Neves, mas em outro momento ou contexto?

Olho Tático
Seleção de Mano penou pela esquerda e a Colômbia se impôs com Cuadrado e o improvisado Valencia.
Seleção de Mano penou pela esquerda e a Colômbia se impôs com Cuadrado e o improvisado Valencia.