terça-feira, 26 de junho de 2012

Os segredos do Boca Juniors e o que espera pelo Corinthians na Bombonera

Mais um apaixonado por futebol argentino colabora com o blog. É Júnior Marques, bacharel em Esporte, estudioso da bola que rola no país vizinho e colunista do “De Olho nos Hermanos” no A Prancheta – clique aqui e acesse. No twitter você também pode seguí-lo: @afajota. É dele a prévia de Boca Juniors x Corinthians, com análise tática do que o campeão brasileiro terá pela frente.


A fase final da Libertadores 2012 tem tons de “elitização” na “Copa”, afinal, desta vez notamos que as quatro melhores equipes da América chegaram. Os semi-finalistas foram simplesmente os campeões da Libertadores, do Campeonato Brasileiro, do Campeonato Argentino e da Copa Sulamericana. E a final ganha dramaticidade a mais, pois temos um estreante na situação diante de um velho conhecido.

Corinthians – A um passo do inédito
Aliando solidez, compactação e organização, o time de Tite fez grande campanha para chegar à final da Libertadores 2012. Sofrendo apenas três gols em toda a Copa, o Corinthians é um típico time copeiro, que utiliza o volume/conjunto para atacar e defender. 
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Blog Mauro Cezar Análise Corinthians
Corinthians joga no 4-2-3-1
O ponto forte do Corinthians é: a compactação entre as três linhas do 4-2-3-1, o que resulta numa forte marcação e rápida saída, principalmente por intermédio de seus ponteiros Émerson e Jorge Henrique, sempre auxiliados pelos volantes e meias da equipe que “encostam” a todo momento. O Corinthians é sobretudo uma equipe que impõe volume para movimentar-se ofensiva e defensivamente.

A equipe de Tite costuma ter dificuldade na marcação dos laterais, principalmente ao se deparar com jogadas em profundidade. Isso costuma ser amenizado principalmente pela disposição tática dos volantes Ralf e Paulinho e ponteiros Émerson e Jorge Henrique, que esporadicamente retornam ao setor defensivo para auxílio, e concretizam o tal “volume” de jogo anunciado.

A falta da “presença” de área, também costuma prejudicar o Corinthians no ataque, o que faz com que o “miolo” de zaga adversário tenha mais liberdade para marcar. Tite vem buscando tal alternativa em Alex ou Danilo, numa espécie de falso “9”, com mobilidade para armar o jogo e movimentar-se pela defesa.

Boca Juniors – Só camisa?

O hexacampeão da Libertadores está prestes a disputar sua décima final do torneio após 23 participações. Famoso por eliminar equipes brasileiras fora de seu território, chega a mais uma decisão: vem aí o Club Atlético Boca Juniors. Para quem assiste o time xeneize pela primeira vez na atual temporada, o pensamento errôneo de que a equipe “não é isso tudo” é até normal.

Se realizarmos uma rápida passagem pelos jogos da Libertadores do Boca, será natural lembranças do tipo: “Esse Boca não será campeão”, "Na Bombonera não adotou tamanha pressão, não será fora de casa que jogará”, “Time velho, lento, basta imprimir velocidade”.

Isso ocorre porque o Boca é uma equipe experiente, e que joga ou impõe sua maneira de jogar de acordo com o que o adversário lhe propõe. A experiência pode ser resumida quando citamos que três jogadores do atual plantel do Boca já conquistaram uma Libertadores: Schiavi, 39 anos (zagueiro), Clemente Rodríguez, 30 anos (lateral-esquerdo) e Juán Román Riquelme, 33 anos (meia, ou "enganche").

O Boca Juniors de Falcioni é um time funcional, ou seja, opera de acordo com o que tem. Não aguardem que na Bombonera imponha seu jogo ao adversário com pressão absurda, seguidos chutes à meta ou situações afins.
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Blog Mauro Cezar Análise Boca
Diagrama tático xeneize: O 4-4-2 em losango no meio-campo ou 4-3-1-2.
Pontos fortes:A equipe "azul y oro" do bairro de La Boca é contragolpista, que explora muito a subida de seus volantes em relação ao maestro e cérebro da equipe: Juán Román Riquelme. Os volantes do Boca pelos lados do campo, os carrileros* Ledesma e Erviti são peças-chave na equipe de Falcioni, por subirem ao ataque e retornarem no auxílio a Somoza na marcação constantemente.

As jogadas em profundidade pela esquerda com Clemente e Erviti costumam ser acompanhadas por atacantes na área e Riquelme junto aos volantes na entrada desta. O jogo aéreo do Boca também requer atenção, pela presença de Insaurralde, Schiavi e Silva, fortes nas bolas pelo alto.

Sobre Santiago Silva, esqueça a pálida passagem do uruguaio pelo Corinthians há uma década. E leia o post publicado pelo blog em 23 de maio clicando aqui.

*Carrileros: Expressão típica do futebol argentino referente ao jogador que atua pelos lados do campo, com empenho no sistema defensivo e ofensivo. Comum no sistema “4-3-1-2”. Chamado de “carrilero” em referência à “carril” (cada um dos trilhos de uma via férrea) com passagem para ir e voltar. Numeração típica: “8” e “11”


Blog Mauro Cezar Boca
Santiago Silva reencontra o Corinthians: esqueça o jogador que passou pelo clube há uma década
Ponto fraco:
A defesa do Boca costuma ter dificuldade diante de jogadas rápidas em profundidade, principalmente pela setor da esquerda, pela maior disposição ofensiva representada por Erviti (volante) e Clemente Rodríguez (lateral).

“Você pode não gostar de como o Boca joga, mas não diga que jogamos mal”
Riquelme

Confrontos:27/06/12 – Boca Juniors x Corinthians – La Bombonera
04/07/12 – Corinthians x Boca Juniors - Pacaembu

E então, Boca Juniors ou Corinthians