sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Na Champions mais estranha desde 2003/04, apenas cinco campeões avançam

O campeão inglês e atual vice-campeão europeu Manchester United foi eliminado em um grupo que deveria ter dominado. Os campeões francês, Lille, e alemão, Borussia Dortmund, também deram vexame e terminaram em último lugar nas respectivas chaves, ficando fora até da Liga Europa.

Definitivamente, a Champions League desta temporada é a mais estranha desde 2003/04, quando Porto e Monaco fizeram a decisão depois de despachar Deportivo La Coruña e Chelsea, respectivamente, nas semifinais.

Entre os 16 classificados, somente cinco (Basel, Apoel, Zenit, Barcelona e Milan) são os atuais campeões em seus países. Vale lembrar que a recente reforma promovida por Platini fez com que a fase de grupos fosse formada em mais da metade por campeões nacionais. Nesta edição foram 17 - seriam 18 com o Fenerbahçe, excluído por seu papel em escândalo de manipulação de resultados na Turquia.

A classificação do Manchester City já era improvável, e o time sabia que provavelmente fazer sua parte não seria suficiente. A vitória por 2 a 0 sobre os reservas do Bayern teve sabor amargo, já que o Napoli de Hamsik, Lavezzi e Cavani fez sua obrigação ao vencer no campo do saco de pancadas Villarreal.

O City foi eliminado com 10 pontos ganhos, o que não acontecia na Champions desde a temporada 2006/07, quando o Werder Bremen ficou em terceiro com esta pontuação, atrás de Chelsea e Barcelona.

O revés ficou um pouco menos dolorido com o fiasco do United, que paga pelo excesso de tranquilidade com que encarou os primeiros jogos. Terminou com apenas duas vitórias, contra o time-bônus da chave, o Otelul Galati, e será "punido" com a Liga Europa, como disse Alex Ferguson após a derrota para o Basel.

A última eliminação dos Red Devils na fase de grupos ocorreu em 2005/06, quando, ironicamente, também tinha o Benfica em seu grupo. Os encarnados fizeram o dever de casa e podem pensar nas oitavas-de-final com otimismo: é um dos times para ficar de olho.

No grupo B, a Internazionale conseguiu se classificar em primeiro mesmo perdendo dois dos três jogos em casa. Apesar de escapar de adversários de grande nome no sorteio das oitavas, precisará jogar muito melhor para pensar em chegar longe. Certamente, nem seu torcedor acredita na repetição do título de 2010.

A segunda vaga acabou com o CSKA, graças à incompetência do Lille, que nem de longe foi o time encantador da última temporada. Precisava apenas vencer o Trabzonspor em casa, mas ficou no 0 a 0 com os turcos, que ganharam de brinde um lugar na competição e por pouco não se classificaram para as oitavas.

A grande façanha da terça-feira, porém, ficou por conta do Lyon, que marcou seis vezes no segundo tempo para golear o Dinamo Zagreb por 7 a 1, superando no saldo de gols o Ajax, derrotado por 3 a 0 pelo Real Madrid. O resultado pode parecer estranho, mas é bom lembrar que o Dinamo, que tinha um jogador a menos desde a primeira etapa, saiu da competição com 22 gols sofridos.

O Ajax pode reclamar de dois gols mal anulados no primeiro tempo, mas, diante de um Real Madrid repleto de reservas, poderia ter feito mais na segunda parte para reduzir a diferença, já que havia começado a rodada com sete gols a mais de saldo que o Lyon.

Se o Lyon foi heroico, não foi menos o Olympique de Marseille, que perdia para o Borussia Dortmund até os 40 minutos do segundo tempo, mas conseguiu a virada de que necessitava para seguir à próxima fase. Frustração para o Olympiacos, que bateu um Arsenal enfraquecido e teve a vaga nas mãos durante a maior parte do jogo.

Os gregos, de qualquer maneira, saem de cabeça erguida, já que eram apontados como a última força do grupo e conseguiram a vaga na Liga Europa, deixando para trás o decepcionante campeão alemão no grupo F.

Quem escapou de dar o vexame dos outros ingleses foi o Chelsea. Pressionado a vencer no jogo contra o Valencia, o time de André Villas-Boas atuou de forma convincente e viu um show de Drogba na vitória por 3 a 0. O marfinense marcou duas vezes, em ambas assistido por Mata, e ainda deu o passe para Ramires fazer o seu.

A Champions League é uma obsessão de Roman Abramovich, e perdê-la ainda nesta fase teria aumentado de forma significativa a pressão sobre o português.

Se Villas-Boas precisa de resultados no Chelsea, seu sucessor no Porto, Vítor Pereira, também sofre. Precisando vencer o Zenit em casa para garantir a vaga, esbarrou no sistema defensivo de Luciano Spalletti e não saiu do 0 a 0. Resultado: aos Dragões resta apenas a tentativa de defender o título da Liga Europa.

Com o resultado em Portugal, o Apoel não precisou nem se preocupar com a derrota em casa para o já eliminado Shakhtar Donetsk: ficou em primeiro no grupo e vai às oitavas com a sensação de que já foi muito além do que poderia, e que a responsabilidade estará com o adversário, seja ele quem for.

Em um torneio tão atípico, a cara de normalidade ficou no grupo H, com Barcelona em primeiro e Milan em segundo. Os rossoneri, aliás, serão o adversário a evitar para os primeiros colocados.