quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Fim da rotação do meio do ano na elite do surf

Adriano de Souza na primeira etapa do ano, na Gold Coast australiana
Adriano de Souza na primeira etapa do ano, na Gold Coast australiana Foto: Caio Salles

Depois de muita reclamação e polêmicas com as mudanças no sistema de ranking da Associação dos Surfistas Profissionais em 2011, a mesa diretora da entidade decidiu por não mais realizar a rotação do meio do ano dos atletas da elite mundial.
Segundo o porta-voz da ASP, Dave Prodan, em 2011 a rotação feita depois da etapa de Nova Iorque trouxe para o circuito incríveis talentos, que provaram merecer estar entre os melhores do mundo, caso de Gabriel Medina, Miguel Pupo e John John Florence. No entanto, a instabilidade do calendário de 2012 tornou o conceito difícil de ser aplicado. "Onde faríamos a rotação? Como teríamos certeza de haver justas e balanceadas oportunidades em toda a rotação para os surfistas se classificarem? Desde o surgimento, somos um esporte regido por surfistas para os surfistas e foi nesse espírito que votamos para desativar a rotação do meio do ano para 2012. Acreditamos que esta foi a melhor decisão para a temporada que está por vir e seguiremos discutindo o futuro dessas rotações no esporte", completou Prodan.
O principal defensor do fim dessa mudança na elite no meio do ano foi o representante dos surfistas no comitê da ASP e vencedor do Pipe Master deste ano, o australiano Kieren Perrow. Assim como Dave Prodan, Perrow acredita que o sistema funcionou melhor do que imaginavam em 2011, mas, olhando para frente, os surfistas não sentiram que isso teria os efeitos desejados para o circuito a longo prazo.
O novo sistema de pontuação da ASP assemelha-se em muito ao usado pela Associação dos Tenistas Profissionais, a ATP. Tanto no circuito do tênis quanto no do surfe, existem diferentes níveis de competição, com diferentes valores de pontuação. Os Grand Slams recebem apenas os tenistas com melhores posições no ranking e, consequentemente, também valem mais pontos. O mesmo acontece com as etapas do World Tour. No tênis, abaixo dos Grand Slams, as competições seguem com os Masters 1000, Masters 500, Masters 250 e outros eventos de menor pontuação. No surfe, abaixo dos WTs, temos os eventos Prime, os seis estrelas, cinco estrelas, e assim por diante.
As principais diferenças são que os Grand Slams do tênis são apenas quatro - Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open. Já no surfe, as etapas da elite são mais de dez. Além disso, o ranking do tênis é dinâmico e os cabeças de chave são definidos a cada etapa, de acordo com um ranking único que conta a pontuação de todas as competições do ano. No surfe, os 34 atletas que terminam a temporada nas primeiras posições integram a elite mundial e seguem com a vaga nos "Grand Slams" garantida até o final do ano, apenas alternando as posições entre eles.
Em 2011, foi a primeira vez que tentaram "dinamizar" o ranking, fazendo a rotação após a etapa de Nova Iorque. Assim, a partir da disputa em Trestles, na Califórnia, "atualizaram" a elite com os atletas que conquistaram pontos nos eventos "menores" e já ocupavam posições entre os 32 primeiros colocados no ranking unificado, caso dos brasileiros Gabriel Medina e Miguel Pupo, e do havaiano John Florence. Até então, os três não constavam no ranking da elite mundial, que conta apenas as etapas do World Tour, mas mesmo assim estavam entre os 32 primeiros na pontuação geral, que soma todas as competições do ano.
A entrada dos três trouxe novos ares ao circuito, botou fogo num ano que já estava praticamente decidido com o título de Kelly Slater e gerou muita discussão. Medina venceu duas etapas, das cinco que disputou, e terminaria o ano na quarta posição, caso o sistema utilizado fosse exatamente igual ao do ténis. Como não é, ficou com a 12ª colocação. John John Florence venceu a tríplice coroa havaiana. E Miguel Pupo seguiu subindo posições com bons resultados em eventos Prime e o nono lugar no WT de San Francisco. Enquanto isso, o surfe segue à procura de seu caminho, no meio termo entre as ondas e as quadras, aéreos e aces, voleios e tubos.
Brasil foi o maior beneficiado com a rotação de 2011, com a entrada de Miguel Pupo e Gabriel Medina
Brasil foi o maior beneficiado com a rotação de 2011, com a entrada de Miguel Pupo e Gabriel Medina | Foto: Caio Salles
Para Slater a rotação de 2011 trouxe uma pedra no sapato. O nome: Gabriel Medina
Para Slater a rotação de 2011 trouxe uma pedra no sapato. O nome: Gabriel Medina Foto: Caio Salles