Andrés Sanchez tem uma relação muito íntima, às vezes promíscua, com torcedores uniformizados. Quando abre os portões do Centro de Treinamento do Corinthians para a entrada de torcedores, costuma fazer uma pergunta boa: "Se nos períodos de vitórias, muita gente acha bonito ver a torcida na arquibancada, nos treinos, por que eles não podem entrar para protestar pacificamente nos momentos de derrotas?"
A resposta é simples: porque nas vitórias, os torcedores incentivam, nas derrotas a pressão aumenta a tensão e tira a concentração dos treinos. E campo de treino é local de trabalhar em paz.
Mas a pergunta é boa mesmo.
Na tarde de quarta-feira, um grupo de torcedores do Flamengo visitou o Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, em Vargem Grande.
A versão da diretoria do Flamengo não é a de que os torcedores entraram. O diretor de futebol Luís Augusto Veloso diz que sabia que os torcedores pretendiam visitar o Ninho do Urubu desde segunda-feira. Avisou que não deveriam ir, porque não conseguiriam conversar com os jogadores.
Conseguiram conversar com Alex Silva.
Segundo Luís Augusto Veloso, porque Alex Silva quis. A versão do dirigente dá conta de que os torcedores chegaram ao portão do Ninho do Urubu, foram recebidos por ele e levados a um canto, a dez metros, onde ouviram que não conversariam com jogadores e comissão técncia. Nesse momento, Alex Silva apareceu e disse aos torcedores:
"Vim aqui porque sou homem e sei que vocês estão chateados comigo pelas declarações do Serra Dourada. Eu já admiti que errei. Estamos jogando mal, mas não por falta de vontade."
O diálogo se estendeu entre o zagueiro e os torcedores, que ficaram por mais quinze minutos. Conversaram apenas com Alex Silva.
Esse tipo de conversa pode existir?
Me parece que sim. Se o treino for conduzido com tranquilidade, sem pressão, pode.
No Ninho do Urubu, não houve confusão nem violência.