terça-feira, 4 de janeiro de 2011

VÍDEOS: Conheça o novo candidato a Conca ou Montillo do Fla para 2011

Quem é Darío Bottinelli, contratação do Flamengo pensando em 2011? Para decifrar em detalhes este (mais um) hermano que se candidata a repetir o sucesso de Conca, no Vasco e depois Fluminense, e Montillo, pelo Cruzeiro, convidamos Renato Zanata Arnos*, nosso especialista em futebol argentino. A exemplo desses dois compatriotas, o agora rubro-negro vinha se destacando no Chile. Leia, clique e veja para saber mais sobre Bottinelli.

Por Renato Zanata Arnos
Darío Bottinelli, assim como Maxi Biancucchi e o saudoso Narciso Doval, foi formado na cantera del Ciclón, ou seja, nas divisões de base do San Lorenzo de Almagro. Com 24 anos recém completados, o argentino é um meia de criação que chega ao Flamengo com a incumbência de pensar o jogo e criar as tramas ofensivas, algo raro por aqui.


Narciso Doval, com a camisa do San Lorenzo: depois, ídolo rubro-negro

Doval, com a camisa do San Lorenzo: depois, ídolo rubro-negro
No San Lorenzo, El Pollo (frango em português) deu seus primeiros passos como jogador profissional, aos 17 anos, pelas mãos de Héctor Bambino Viera, treinador que o lançou no time principal. Depois, com Gustavo Alfaro, seguiu desenvolvendo seu futebol. Em 2006, atuou como enganche titular num 4-3-1-2, com o meio-campo em losango.

Naquel ano, no empate em 1 a 1 com o Vélez Sarsfield, foi titular, enquanto Walter Montillo aparecia entre os reservas. O hoje cruzeirense também surgiu nas divisões inferiores do San Lorenzo, na mesma época de Bottinelli, que o teria consultado antes de fechar oficialmente com o Flamengo.

Bottinelli ao lado de Montillo: cruzeirense já ficou na reserva de El Pollo

Bottinelli e Montillo: no Ciclón
Sob a batuta do treinador Oscar Ruggeri, zagueiro campeão do mundo em 1986, Bottinelli foi banco de Pablo Barrientos, outro enganche revelado pelo Ciclón, e que acaba de fechar com o Estudiantes. No San Lorenzo, treinado por Ramón Diaz e ao lado de Gastón Gata Fernández e Ezequiel Lavezzi, o novo rubro-negro conquistou o Clausura 2007 —atuou em quatro das 19 partidas do torneio.

Em seguida, teve uma rápida e apagada passagem pelo Racing Club, até ser emprestado no primeiro semestre de 2008 para a Universidad Católica. No Chile, se destacou na Libertadores, despertou o interesse do Atlas de Guadalajara, clube mexicano que comprou seu passe ao San Lorenzo.

Bottinelli exibe a camisa do Flamengo: enganche

Bottinelli exibe a camisa do Flamengo: enganche
No segundo semestre de 2010, Bottinelli retornou ao Chile para atuar novamente na Universidad Católica, treinada então, por Juan Antonio Pizzi. O argentino foi importante para Los Cruzados na conquista do título nacional, destacando-se no 4-2-3-1 como meia, aberto pela esquerda. Lá fazia a diagonal em direção a área para buscar o drible, a tabela, servir os atacantes ou arrematar em gol.

Revi três partidas da Libertadores 2008 nas quais atuou este
enganche argentino pela Universidad Católica (América do México 2 x 1; 1 x 2 River Plate e River Plate 2 x 0). Assim, constatei o perfil técnico-tático de Darío Bottinelli.

Atuando dentro do contexto tático identificado como 4-4-2 (mais precisamente um 4-3-1-2), com o meio-campo em losango, Bottinelli tinha muita liberdade de movimentação. E apresentou o perfil de um autêntico
enganche, ou seja, um meia de criação.

Bottinelli em ação pelo Atlas, do México: lá era o camisa 10

Bottinelli em ação pelo Atlas, do México: lá ele era o camisa 10
Posicionado a partir do círculo central, sempre marcado de perto por dois, três adversários, jogava usualmente a dois toques, e com boa qualidade na perna direita para conduzir a bola em velocidade. Dribles, passes curtos, longos, objetivos, verticais ou diagonais formavam seu jogo, além do arremate de fora da área.

O argentino não demonstrou medo em arriscar chutes de média e longa distância, principalmente próximo a meia-lua.
Clareou para bater, e ele chutava, inclusive com a canhota, que não é a boa. Sem a bola, Bottinelli se apresentava em sua intermediária defensiva para cercar o adversário de posse da pelota e servir como opção para ao receber o segundo passe.

O camisa 18 da Gávea gosta de ditar o ritmo da equipe, virando jogo ou executando passes laterais de desafogo à procura dos companheiros livres de marcação. Seus passes diagonais tinham, em geral, o endereço do lateral esquerdo Pérez, quando este subia ao ataque.

Já a saída de bola da Universidad ficava por contra do muito bom volante central, Jorge
El Patrón Ormeño. Bottinelli confirmou a fama de bom batedor de faltas pela esquerda. Das quatro cobranças que executou nestes três jogos, duas geraram gols (um deles, contra o River Plate, mal anulado) e uma outra obrigou o goleiro Carrizo a executar difícil defesa.

Um torcedor do Flamengo, Adriano Lima, já até criou um site em homenagem ao
Pollo — clique aqui para conhecer. Vejamos se, em campo, ele corresponderá.

Bottinelli pela Universidad Católica: repetindo os passos de Conca e Montillo?

Bottinelli pela Universidad Católica em duelo contra o River: repetindo os passos de Conca e Montillo?

Abaixo, diagrama tático com o posicionamento e os deslocamentos de Bottinelli. Para se oferecer como opção de jogo (setas amarelas), ou de posse da bola (pretas), gerando as tramas ofensivasBottinelli em ação: movimentação e organização das jogadas são características
Bottinelli em ação: movimentação e organização das jogadas são características

Gols de Bottinelli pelo San Lorenzo, Atlas e Universidad Católica