quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sonda derruba liminar por Ganso e incendeia relação com Santos

O grupo Sonda derrubou nesta segunda-feira a liminar com a qual o Santos impedia o fundo de investimento de fazer valer os 25% adquiridos do contrato de Paulo Henrique Ganso: "Fizemos isso, porque o Santos não é parceiro", diz o executivo do grupo Sonda, Roberto Moreno. "Hoje, podemos conversar com qualquer clube do mundo para vender o jogador", diz Moreno.

A situação não é tão clara assim. O Santos questionou na Justiça os 25% comprados pelo Sonda na gestão Marcelo Teixeira, por julgar o negócio abusivo contra o clube. Na época, o fundo de investimento adquiriu 1/4 dos direitos de Ganso por R$ 178 mil. O Sonda tem o total de 45% dos direitos, porque comprou outros 20% diretamente da família de Paulo Henrique Ganso.

A queda da liminar permite ao Sonda fazer valer os 25% adquiridos do clube, mas como o Santos segue majoritário (tem 65% do contrato), uma negociação para o exterior depende da liberação da direção santista, não do fundo de investimento.

Paulo Henrique Ganso é o ponto alto de uma guerra entre a direção do Santos e o fundo de investimento. Em outubro, o meia-armador recusou proposta de plano de carreira, proposta pela diretoria santista nos mesmos moldes da que havia sido assinada por Neymar. Na sequência, o Sonda se irritou com a compra de 5% dos direitos econômicos de Neymar pelo fundo de investimento Terceira Estrela, criado com dinheiro de 29 empresários que torcem pelo Santos, parte deles pertencente ao Conselho Deliberativo do Clube ou ligada à diretoria.

O Sonda alega que a direção santista favorece seus aliados.

O assunto é complexo. Nos últimos cinco anos, o futebol brasileiro ganhou capacidade de investimento graças ao dinheiro injetado pelos fundos de investimento, como o Sonda, a Traffic e o MFD. Os fundos de investimentos podem fazer bem à economia dos clubes. Mas a relação com alguns desses fundos tem sido útil apenas a curto prazo. A médio e longo prazos, alguns deles têm se mostrado predadores. "Ou especuladores, como é o caso do Sonda", diz o presidente do Santos, Luis Álvaro. "O Terceira Estrela é feito por santistas que estão pensando em ajudar o clube. É melhor isso ou trabalhar com quem não tem relação com o clube, como o Sonda, que pertence a um empresário que torce pelo Internacional", pergunta Luis Álvaro.

Segundo o grupo Sonda, agora Ganso pode ser vendido a qualquer momento
Segundo o grupo Sonda, agora Ganso pode ser vendido a qualquer momento
Crédito da imagem: Agência Estado

Torcer para outro clube não é a questão central. Mas a tentativa de um fundo de investimento que tenha relação direta com o clube e defenda os interesses desse clube, como o modelo criado no Santos, pode ser provar muito favorável nos próximos anos.

A guerra promete outros capítulos. Neste momento, o Sonda está disposto a ouvir propostas de clubes do exterior e vender Paulo Henrique Ganso o mais rápido possível. Mas só terá aval para qualquer negócio se o Santos concordar. Vale lembrar que nos últimos anos, o Santos foi o único clube a segurar um dos jogadores mais badalados do mercado internacional, ao rejeitar proposta do Chelsea por Neymar, em agosto passado.