A tarde de sexta-feira teve uma linda cena no centro do gramado do estádio Mané Garrincha, em Brasília. Felipão reuniu todos os jogadores na véspera da estreia contra o Japão e levou ao centro da roda o capitão do penta. Cafu falou algumas palavras. Antes e depois da curta palestra, foi aplaudido, ovacionado por todos os jogadores da seleção.
Semanas antes, foi a vez de Zagallo. Numa entrevista para a produtora Mowa, que faz trabalhos de vídeos para a CBF, o técnico do tri em 70 disse que gostaria de estar mais presente com a seleção brasileira. Ser lembrado.
A informação chegou ao coordenador da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira. E Parreira conversou com Felipão: "Eu estava pensando exatamente nisso", disse o técnico do penta ao treinador do tetra.
Na chegada da seleção ao Rio, na semana do amistoso contra a Inglaterra, Zagallo foi recebido na hora do jantar por toda a delegação. Entrou na sala onde acontecem as refeições e todo o grupo de jogadores se levantou.
Zagallo emocionou-se.
Não foi só ele. Os jogadores da campanha da Copa das Confederações também.
Há decisões na seleção brasileira que não têm por intenção reunir, motivar, formar família. A intenção fundamental é homenagear alguém que tem história, que participou do futebol brasileiro de maneira importante.
Caso de Zagallo, o primeiro campeão mundial como técnico e jogador. Ou de Cafu, o único na história das Copas do Mundo a disputar três finais --nem Pelé disputou, porque se machucou em 1962.
Mesmo sem ser estratégico, cenas como a de sexta-feira no gramado do Mané Garrincha ou do refeitório do hotel no Rio cativam os jogadores. Formam grupo.
É como se no quarto de hotel um atleta comum, como Fernando, Luiz Gustavo ou Dante, ou incomum, como Neymar, percebesse que fazer parte da história é legal.
E que para fazer parte dela é necessário desempenhar um trabalho bom agora, ser campeão da Copa das Confederações, ganhar a Copa do Mundo no ano que vem.
Várias das discussões sobre a atualização de Felipão hoje passam por ele ser um motivador. Muita gente acha que isso já não funciona mais.
De fato, se for só isso, o elenco duvida da competência, não compra o projeto.
Mas se isso completar o pacote, pode ter certeza que faz bem à saúde, ao cérebro e ao coração.
E que Felipão alcança dois objetivos: forma sua família e homenageia quem fez história no futebol brasileiro.